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La Petite Souris

 


O tamborilar monótono da máquina de escrever soava como tiros sendo disparados. Um parágrafo, um novo carregamento. À frente dela, estava uma alma perturbada por amores não correspondidos e uma traição. Não havia entregado o líder, mas o melhor amigo. Morto com um tiro - quem mais conseguiria, por suicídio - entre formações rochosas distantes. E o escritor furioso da máquina incansável por ela aguardava. Sentado, digitando um romance póstumo, em seu rosto brilhava o dourado do relógio de bolso que descansava na mesa. Relógio que também não era dele, mas do amigo morto. Assim como o coração dela. Se o ritmo da datilografia se confundia com o pulsar em suas veias, os passos que ela dava eram as notas erradas naquela composição. E se as notas erradas, em uma música, geram aflição; aqui, nessa cena carregada por tensões, não seria diferente. O escritor já não podia mais ser indiferente. Parou de digitar. Os ouvidos apurados por entre conversas de bar e revoluções, pela última vez, ouviu o 'clanque-clanque' da arma sendo engatilhada. E, então, seus olhares se encontraram como o rio e o mar. As mãos dela tremiam, denunciando os sentimentos que seus olhos argutos tentavam disfarçar. Gentil, o escritor direcionou-a para fazer aquilo que ela precisava fazer. No ar, pairava um amor não correspondido, uma traição e a presença etérea do homem que os ligava. A mão dela já não tremia mais. O que se ouviu foi um disparo... Ou seriam as palavras finais do romance que ele vinha escrevendo? Na sala escura, as cortinas beges deixavam escapar alguns raios de sol que iluminavam a cena. Em um canto, uma mulher chorava por seu coração dilacerado. E o sangue escorria como cachoeira por entre os declives das teclas douradas de uma máquina chamada Chicago Typewriter.

- Conto inspirado no kdrama "Chicago Typewriter", produzido pela tvN em 2017.
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Chicago Typewriter é um dorama que estava há séculos na minha lista. Mas, sempre o deixava de lado com as desculpas mais diversas: "primeiro, vou assistir a esse dorama novo"; "olha, um dorama com meu ator preferido aí, vou assistir"; "esse pôster parece meio estranho, vou deixar para depois"... E, assim, Chicago ia ficando para trás nos antros mais profundos da Netflix. Até que, em uma noite em que estava de bobeira no TikTok, um vídeo surgiu anunciando uma revolução na minha vida de dorameira: o vídeo dizia que Chigago Typewriter ficaria disponível na Netflix até o dia 30 de setembro só! Não deu outra... Aquela era a chance perfeita para eu desencantar esse dorama!

E acabou que, duas semanas e muito coração quentinho depois, Chicago Typewriter se tornou o meu dorama favorito de todos os tempos. Se na minha lista ainda existem os doramas canônicos intocáveis, Chicago chegou para ocupar a posição mais nobre depois deles. Se eu pudesse classificá-lo, diria que ele é o dorama que poderia assistir várias e várias vezes sem enjoar (o que é muita coisa para mim, já que não tenho o costume de rever ou reler coisas); ele é o dorama que recomendaria para qualquer um, desde os dorameiros mais antigos até as pessoas que nunca viram um dorama na vida; ele é o dorama que faz com que borboletas douradas voem pelo meu estômago só pela introdução. Portanto, Chicago é o meu dorama favorito até agora, mais de trinta doramas depois.


Depois de tantos elogios, vamos a um pouquinho da estória desse dorama? Não farei exatamente a resenha crítica dele hoje, mas se vocês quiserem que eu comece a falar mais sobre doramas por aqui, é só deixar um alô nos comentários e prometo que volto para dar minhas opiniões mais aprofundadas sobre Chicago também. Vai lá depois de terminar aqui, estarei esperando por vocês, hihi! Ok, concentração agora. Chicago Typewriter é um dorama de fantasia que alterna duas estórias em sua narrativa. A primeira é a história de Han Se-Joo, um escritor de romances policiais super famoso na atualidade, um pouco excêntrico e muito arrogante, que um dia viaja até Chicago e fica encantado por uma máquina de escrever antiga chamada, justamente, Chicago Typewriter. Ele, então, volta para a Coreia do Sul e após eventos misteriosos que acontecem com a tal máquina de escrever, ela é enviada como presente para a sua casa. Quem faz a entrega é a nossa mocinha, Jeon Seol, que trabalha como faz-tudo e se auto-intitula como a fã número 1 de Se-Joo. À partir daí, a vida deles se cruza por eventos do presente e do passado que revelam um amor trágico, uma amizade indestrutível e a luta por ideais de liberdade.

Assim, a gente passa para a segunda estória, que se passa justamente nesse passado que eles compartilham com um terceiro elemento, que não vou revelar por aqui para não dar spoilers, hehe. Eu gosto muito das duas partes desse dorama, mas os flashbacks que eles têm da vida passada me encantam demais. O cenário é dos anos 30, um momento histórico bastante importante e difícil da história da Coreia, pois é o momento em que o território está ocupado em colonização pelo Japão. Os nossos protagonistas fazem parte de uma Aliança Juvenil contra essa ocupação japonesa, então, podemos entender melhor sobre os esforços do povo coreano por sua liberdade e de como isso impactava no cotidiano comum das pessoas da época.


Chicago Typewriter é um dorama muito emocionante. Se você gosta de História, recomendo demais, já que história asiática é um tópico bastante distante das agendas de educação aqui no Brasil. E se você, assim como eu, gosta de romances trágicos... Bem, vou parar por aqui, hihi. Mas, se vocês quiserem saber em mais detalhes o que achei do dorama, deixa nos comentários que prometo voltar! E você, já assistiu a Chicago Typewriter? Gostou do conto que fiz inspirado nele? Um beijo e au revoir, pessoal!
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Bonjour, meu nome é Bruna. Sou uma ratinha de biblioteca, adoro fotografar a natureza, andar por ruas desconhecidas e escrever tudo o que me vem a cabeça. Obrigada por visitar o meu jardim. Abra seus olhos e amplie sua imaginação. Talvez você precise bastante por aqui.

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