Aquele que não é sobre um dragão
Banguela. Um dragão sorridente (sem dentes a mostra), escamas pretas e olhos gigantescos, verdes e gentis estampava a camiseta dele. Aquele que a usava se destoava majestralmente do design fofo do bicho. Seus olhos não conseguiam ficar sem se revirar por mais de cinco minutos.
Enquanto seus alunos chegavam e escolhiam seus lugares na sala, ele digitava furiosamente no celular mensagens para muitas pessoas (ou para a mesma. E eu não arriscaria dizer que essa pessoa era privilegiada por isso).
Depois de dez minutos, ele foi para a frente da lousa de giz, um arcaísmo considerando que a sala abrigava diariamente tecnologia de ponta, essa abrigada na mente de seus alunos. Diferente dos seus olhos, seu corpo conseguia ficar parado no mesmo ponto da sala. Ele, então, fez uma pergunta solta que qualquer um poderia responder: "Como foi seu fim de semana?". Todos se calaram pela timidez de um primeiro encontro. Ele começou a disparar seus sorrisos sarcásticos e a perguntar e perguntar e perguntar, em um loop sem fim: "Como foi seu fim de semana?".
Uma garota de cabelos cacheados e óculos azuis maiores que seu rosto levantou a mão e disse: "Foi estranho"; e, começou a relatar os acontecimentos do dia dos pais. Ele adorou a história da menina e comentava a todo momento, a todo segundo, tudo o que ela dizia. A forma como ele se expressava era lenta, com uma cadência descendente que deixava transparecer um tédio sepulcral pelo mundo a sua volta, mas que também indicava que sua postura era a encarnação perfeita da ironia.
Ele falava com tons de tédio, mas sua expressão corporal era viva e pedia que todos os alunos participassem ativamente da aula. Ele semitonava no final de longas sentenças. Para chamar a atenção, liberava tiques de fala retiradas de desenhos animados e séries americanas. O destoamento entre sua personalidade e a do dragão estampado em sua camiseta era de chamar a atenção de qualquer um que tivesse Banguela como bagagem cultural.
A ironia de sua figura (que quase chegava a um sarcasmo) também aparecia em seu discurso. Ele parecia não se importar com o sentimento do outro, mas reclamava de suas relações passadas, suplicando para que todos que já o amaram um dia desaparecessem da Terra. Ele ria alto de piadas, mas dizia que sua vida era um poço de situações desagradáveis. Ele era paciente com os erros básicos de seus alunos, mas revirava os olhos quando falava dos erros de outras pessoas.
Ao fim da aula, ele perguntou se havia alguma dúvida. Ninguém disse que sim, então, ele disse: "Está bem. Boa semana e até a próxima aula!". O tom de sua voz era sinceramente feliz. Sua expressão, ao contrário, expressava uma alegria de clown tão sutil que, a não ser por uma garota de calça rosa, passou desapercebido por todos.
Uma garota de cabelos cacheados e óculos azuis maiores que seu rosto levantou a mão e disse: "Foi estranho"; e, começou a relatar os acontecimentos do dia dos pais. Ele adorou a história da menina e comentava a todo momento, a todo segundo, tudo o que ela dizia. A forma como ele se expressava era lenta, com uma cadência descendente que deixava transparecer um tédio sepulcral pelo mundo a sua volta, mas que também indicava que sua postura era a encarnação perfeita da ironia.
Ele falava com tons de tédio, mas sua expressão corporal era viva e pedia que todos os alunos participassem ativamente da aula. Ele semitonava no final de longas sentenças. Para chamar a atenção, liberava tiques de fala retiradas de desenhos animados e séries americanas. O destoamento entre sua personalidade e a do dragão estampado em sua camiseta era de chamar a atenção de qualquer um que tivesse Banguela como bagagem cultural.
A ironia de sua figura (que quase chegava a um sarcasmo) também aparecia em seu discurso. Ele parecia não se importar com o sentimento do outro, mas reclamava de suas relações passadas, suplicando para que todos que já o amaram um dia desaparecessem da Terra. Ele ria alto de piadas, mas dizia que sua vida era um poço de situações desagradáveis. Ele era paciente com os erros básicos de seus alunos, mas revirava os olhos quando falava dos erros de outras pessoas.
Ao fim da aula, ele perguntou se havia alguma dúvida. Ninguém disse que sim, então, ele disse: "Está bem. Boa semana e até a próxima aula!". O tom de sua voz era sinceramente feliz. Sua expressão, ao contrário, expressava uma alegria de clown tão sutil que, a não ser por uma garota de calça rosa, passou desapercebido por todos.
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