Resenha: Viagem ao Centro da Terra, Julio Verne
Ao decifrar o enigma de um velho pergaminho, o professor Lidenbrock e seu sobrinho, o jovem Axel, deparam-se com um fascinante desafio: a possibilidade de chegar ao centro da Terra seguindo o relato de um cientista do século XII. Vencida a resistência do rapaz — que considerou a idéia “pura imaginação” —, os dois partem para o vulcão Sneffels, na remota ilha da Islândia, onde deveria ser iniciada a expedição. Nas entranhas do adormecido vulcão, Lidenbrock, Axel e o guia local penetram em uma viagem através dos tempos, permeando universos há muito extintos e outros que só a imaginação pode criar.
Aventura, ficção científica // 328 páginas // Editora Martin Claret // Classificação: 3/5
"Em busca dos clássicos da literatura, eu vou". E foi durante essa jornada que eu me deparei com a possibilidade de ler um dos maiores livros da literatura de aventura do mundo: Viagem ao Centro da Terra, de Julio Verne.
Eu conheci o sr. Verne quando criança ainda, por causa de Volta ao Mundo em 80 dias e 20.000 Léguas Submarinas. Ambos eu li, adaptados, quando eu tinha por volta de sete ou oito anos, pois eles faziam parte de uma coletânea de clássicos para o público infanto-juvenil que minha mãe comprava para mim na banca de jornal. Eu lembro que gostava bastante de Volta, mas achava 20.000 Léguas Submarinas um tanto maçante. Mesmo assim, minha impressão sobre os enredos de Verne foi extremamente positiva e logo o coloquei em posição de destaque entre meus escritores de aventura favoritos.
E foi com esse pensamento nostálgico que eu comprei Viagem ao Centro da Terra na última Feira do Livro da USP que eu fui. Estava certa de que gostaria da leitura, pois minhas outras experiências haviam sido positivas. Aliás, eu também gosto muito das adaptações do livro para o cinema, então, sabia que a história me agradaria de qualquer jeito.
No entanto, não foi o enredo, mas sim, a forma de contar a história que me decepcionou. Viagem ao Centro da Terra, com certeza, não é um livro 5/5 para mim. Julio Verne opta por uma escrita mais técnica acerca das composições geológicas do planeta, dando ao leitor várias informações sobre as diferentes rochas e os diferentes solos com os quais Axel e seu tio se deparam ao longo da jornada. Ele fala de equipamentos técnicos usados por geólogos, oferece-nos medições exatas e faz Axel fazer discursos incríveis (como narrador em primeira pessoa que ele é) sobre estalactites e gemas preciosas que ele percebe existir no centro do planeta.
Se você gosta disso, se está interessado por questões geológicas, então, esse livro foi feito para você. Mas, se assim como eu, estava em busca dos motivos pelos quais Viagem ao Centro da Terra é um clássico da aventura, bem, prepare-se para a decepção. Claro, Axel e seus companheiros passam por situações difíceis debaixo do solo e algumas delas são fantásticas! Contudo, Verne opta por deixá-las para os capítulos finais do livro e quando elas chegam ao ápice, o livro acaba.
Durante capítulos sem fim, eu mergulhei em informações técnicas sobre geologia que me cansaram muito e, quando a aventura maravilhosa chegou, não consegui me entusiasmar muito. Além disso, eu não me simpatizei com o Axel, o que é um ponto bastante sensível, já que ele é o protagonista-narrador. Chato, reclamão e frescurento, Axel nos dá uma visão nada aventuresca do que se é chegar ao centro da Terra e ver que nada do que a Ciência havia constatado até então era real. Fazia tempo que eu não me irritava com um protagonista e, olha, Axel fez meus olhos revirarem de indignação várias vezes.
Mas, preciso dizer que Viagem ao Centro da Terra é um prato cheio se você é fã de sci-fi. Não sei se é tão correto eu colocar esse livro na categoria de Ficção Científica, mas, por tudo o que estou estudando na faculdade sobre o assunto, acredito que eu posso ter essa licença. A forma como Verne utiliza correntes científicas em voga na época para construir um cenário incrível para nós é fantástico. A história é muito verossimilhante e pude acreditar que animais e seres humanos de outras Eras poderiam, sim, viver embaixo do solo que pisamos.
O final foi bem corrido e fiquei muito frustrada pelo que aconteceu. Esperava muito mais do que Verne nos entregou e senti que ele fez aquele final na correria ou porque tinha que entregar o livro logo para a publicação, ou porque ele já não tinha mais ideias de como fazer as personagens atingirem seus objetivos sem que elas tivessem que morrer por eles. Para mim, o livro foi como um gráfico que seguiu a seguinte rota: subiu, estagnou por um longo período, teve um ápice nos capítulos finais e caiu abruptamente para um patamar inferior ao que começou.
Enfim, a leitura valeu a pena mais pelo status do que pela experiência em si. Porém, preciso sempre lembrar que todos os livros merecem ser lidos, pois todos eles são o livro favorito/de cabeceira de alguém no mundo. Se eu não gostei tanto assim, você pode amar. Então, não se frustrem antes de lerem Viagem ao Centro da Terra, ok?
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