Sim, eu reuni toda a coragem que existia em minha alma de escritora para produzir o meu primeiro conto especial em PDF para vocês. Este é o resumo de uma história que sempre martelou em meu coração pedindo para ser escrita. Os nomes das personagens vieram depois, de uma forma completamente espontânea, quase como se eles tivessem os sussurrado em meu ouvido. Neste singelo conto, vocês acompanharão o instante em que um ator se apaixona por uma espectadora da plateia, uma flechada de Eros em meio ao aroma de pipoca caramelizada e holofotes amarelos. Como eu disse, esta é uma história que sempre desejei escrever. Sinto que poderia fazer um romance inteiro apenas com a premissa que ela me oferece: porém, nesta época da minha vida em que tenho pouquíssimo tempo para me dedicar completamente a ela, decidi enxugá-la em um conto que desejo com todo o meu coração que vocês gostem. O romance de Colin e Coralina apenas se inicia e deixa, no final, a expectativa para novas criações e aprofundamentos. Se assim vocês desejarem, os trarei em breve. O link para o PDF do conto é este: https://bityli.com/ngM9p . Se preferir, me envie um e-mail para bubslovegood@gmail.com que mando o PDF do conto para você! Obrigada por se engajar na história de Colin e Coralina: eu desejo que Eros seja gentil com você assim como foi com os dois. :)
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A água refletia em tons de vermelho. Ao longe, o rádio de um estabelecimento qualquer ampliava uma voz melodiosa que bradava o outono. "Cause after all he's just a man..." As luzes acesas da rua eram amareladas, assim como o sorriso que ela lançava para o restaurante do qual saía. Um homem a olhava de dentro com um misto de felicidade contida e ciúme doentio. Ele acenou para ela, clamando para que o esperasse só por um minuto. O ar rescindia a terra molhada e castanhas caramelizadas. Os pés dela, envoltos por uma bota cor de musgo, começaram a ficar encharcados pela água de chuva que se acumulava, em poças luminosas, pela calçada. Se alguém a olhasse naquele momento, talvez, ficaria em dúvida se o que escorria pelo seu rosto pálido era a água que caía do céu ou a que saía de seus olhos. Um casal passou ao seu lado dando risadinhas. O sino de entrada do restaurante tiniu. O homem a segurou pelo pulso. Ela olhou para cima, seus olhos tristes refletindo a súplica vazia que ele fazia a ela. O homem elevou o tom de voz, tons roucos de fragilidade que ela não compreendia mais. Porém, ele não largava o seu pulso. Três vezes o semáforo da avenida permitiu a passagem de pedestres. O rádio já tocava outra coisa, uma balada que a lembrava dos filmes de John Hughes que costumava assistir com a melhor amiga. Ela tentava se concentrar no que o cantor falava para se desconectar do pedido que o rapaz fazia: voltar o namoro dos dois não era uma opção. Relembrando a cena, ela não conseguiria dizer quando tudo se transformou. Em um momento, ela sentia seu braço queimar de dor e os ouvidos estalarem por causa dos gritos que o homem dava, o rosto ficar quente pelos olhares ansiosos que sentia virem de alguns transeuntes. Em outro, ela era abraçada de forma carinhosa por alguém que cheirava a café, tinta-nanquim e felicidade. Sem saber como reagir, ela olhou para cima. Lá estava ele, seu sorriso espaçoso que fazia com que seus olhos virassem apenas dois riscos, abraçando-a como se ela fosse o objeto mais precioso do mundo. As suas lágrimas angustiadas, aos poucos, viravam lágrimas de alívio. De repente, ela sentiu que algo a cobria. Ele segurava um guarda-chuva vermelho com a mão livre. Enquanto seguia com ele pela rua movimentada, à espera que o semáforo ficasse verde para que pudessem seguir, ela ouviu as últimas palavras da canção que morria a soluços lentos no rádio. "Please don't forget who's taking you home/ And in whose arms you're gonna be/ Please darling, save the last dance for me". - Conto inspirado no kdrama Something in the Rain, disponível na Netflix