A água que vinha do teto batia ruidosamente no chão. Lá se formava um espelho d'água meio bolorento, o limo verde crescia por entre as tábuas de madeira carcomidas pelo tempo. Em um ribombar aquoso, a goteira passava por entre as vigas que compunham a estrutura do segundo andar da casa. Deste ambiente outrora luminoso e feliz, sobrara apenas um palanque de madeira - tão carcomido e cheio de fiapos quanto o chão de baixo - e algumas peças de roupa que haviam servido de banquete às traças, logo na primeira semana de abandono da casa. Se o leitor a tivesse conhecido antes, quando, em seu auge de casa principal da rua, o barulho de festa e felicidade saía de seus poros; ele veria o quão bela era a porta da entrada principal, pintada de verde musgo, em contraste com o branco alcalino das paredes. Ele veria, também, o esmero dos donos em cultivar pequenas jardineiras nos parapeitos das janelas; e veria, com um sorriso bobo no rosto, que a casa era um tanto pequenina se comparada à imensa árvore que semiobstruía a entrada da garagem. Mas, agora, a casa era apenas um borrão triste de sua própria primavera. Abandonada à própria sorte, os degraus, que levavam o visitante até a porta da frente, haviam se desfeito em cupins gordos. Teias de aranha interligavam as paredes internas da sala, tobogãs sinistros de Viúva. A cozinha já não exalava mais aromas de biscoitos de mel e limão; tudo o que se poderia sentir era o cheiro rançoso de baratas sendo devoradas por formigas insensíveis. E os quartos, três no andar de cima mais um banheiro, tiveram seu curto reinado arruinado por ratos magrelos de pelo de algodão. Quão satisfatório era quando eles guardavam sonhos e choros em suas quatro paredes... Os sonhos de promoção no trabalho da mãe. Os choros de filmes comoventes do pai. Os sonhos e choros das duas irmãs, unidas pelo nascimento na mesma data, desunidas por o lugar de atriz principal no teatro da escola. Na casa inteira, eram os quartos que mais sentiam saudade de quando o céu não era cinza. Tão tristes eles se sentiam que, nas noites estreladas, eles choravam baixinho e a casa rangia, estalava e permitia que o vento frio entrasse em seus aposentos com o som de vultos espectrais. Mas, ó, o que seria isso? Uma forma estranha passara correndo pelo corredor! Eram sons de passos que se ouvia? Os cacos de vidro - sobras dos espelhos dourados que ali enfeitavam - que estavam espalhados pelo chão, porém, não sentiam o peso de alguém os quebrando. E o que dizer do bruxulear que vinha da sala? A casa sentia que estava viva novamente! Podia sentir o aroma de lavanda do perfume que a sua dona usava... E ouvir um som. Vozes distorcidas conversando na sala. O diálogo complexo de seres imateriais.
Outubro é um dos meus meses preferidos do ano. Aliás, gosto de todos aqueles que trazem consigo comemorações especiais, celebradas em meio a filmes, livros e decorações que você só encontrará naquele momento. Fevereiro é assim, trazendo o Carnaval; abril, com a Páscoa; dezembro e o seu Natal. E o outubro, timidamente e de forma forasteira, transformou um mês comum para a cultura brasileira em um mês de alta demanda por máscaras horripilantes na 25 de Março, programações televisivas com a ressuscitação de filmes B de terror dos anos 1990, e um TikTok repleto de vídeos com dicas de maquiagem artística. Outubro trouxe consigo o Dia das Bruxas. Para os íntimos, Halloween; para os ufanistas, Dia do Saci; o que importa é que Outubro se tornou o mês da celebração de tudo o que é assustador, creepy, gore, slasher. E, claro, não conseguiria ficar de fora dessa onda: eu adoro o Halloween! E estou muito contente que, neste ano, apesar de toda a situação pela qual estamos passando, sinto que estou comemorando o Halloween de uma forma mais intensa. De fato, sinto o sangue gore correndo quente pelas minhas veias! Hahahaha. Por isso, quis compartilhar com vocês por aqui as atualizações do meu mês "Outubro do Terror". Também aproveito para deixar a sugestão de vocês compartilharem as suas comemorações de Halloween comigo lá nos comentários! Vou adorar ler o que vocês estão fazendo e, quem sabe, não tento algumas coisinhas e posto por aqui (ou lá no Instagram do blog @apequenaratinha)? :)
- Na quinta-feira que vem, conversarei com a minha amiga de forma online e a gente vai fazer uma Halloween Radio para comemorar. Ou seja, tenho que procurar algumas músicas horripilantes para compartilhar com ela. Estou me esforçando, mas está difícil hehe. Vocês conhecem alguma música de terror?
E é isso, pessoal. O mês de outubro está indo de vento em popa, não? Não esquece de compartilhar comigo a sua agenda de Halloween também :) Beijos açucarados e au revoir.
Cinza chumbo, o firmamento sangra em cores transparentes. O ar espalha aromas de gordura e cominho. Unhas tingidas de vermelho, conversas vazias de baby boomers, ansiedade trabalhando em 120 km/h. É sexta-feira, o dia da deusa-mãe Frigga. Por entre linhas coloridas, ele espreita. É dia primeiro e ele já espreita... Voraz, sadio, nostálgico, sorrateiro; com quantas páginas, neste ano, ele será feito? Espreitando, em tom baixo, sussurrado, está o medo. Chegou outubro. E ela sabe das suas inspirações de escrita: o primeiro ocupante da cadeira 36. - - - - - - bem-vindo, outubro. vamos a mais um mês de terror no blog? neste ano, eu preciso da ajuda de vocês! vocês poderiam compartilhar comigo um tema para que eu desenvolva um conto de terror? eu vou adorar ler as sugestões de vocês! beijos.