Apesar de tudo, eu transformo em poema...

by - novembro 19, 2021


 Ele só sabia amar em borboletas  Leve, divertido e vaidoso era o seu olhar  Tal como frágeis asas,  Ruflava as amostras de paixão a que ele a presenteava.  Ele só sabia amar em borboletas  E as prendia em seu jardim de inverno como lembrete  De que se apegar é um sinal de fraqueza  Mas, cultivar um pequeno séquito, é do poder, a certeza.  As asas que levava tatuadas em seu pescoço  Germinavam em panapanás no estômago dela  E ela sabia que aquele não era um amor seguro,  E, entre mármores e argila, chorava  Por um coração dilacerado por asas tão finas  E um futuro seguro construído na infância,  despedaçado.  Mas, ela decidiu sair do casulo  Brincar de borboleta, mesmo tendo asas rígidas pela insegurança.  Rodeou o homem-borboleta para perdoá-lo  Ele, amadurecido pelo amor que tinha por ela, perdera suas asas  E voltara a ser lagarta, comum e natural, como punição.  Quando a nova borboleta o perdoou, ele caiu em lágrimas,  Lágrimas salgadas que, antes, misturara com um sorriso doce  Não esperava ganhar, após inúmeras derrotas  Ganhou, chorou.  Ela decidiu amá-lo.  Ou melhor, ela aprendeu a se amar.  Queria viver um romance intenso como a brevidade  E perdurar a alegria eternamente, enquanto durasse.  E os dois fecharam o relacionamento  Com o selo da confiança de que ele, instável,  Não criaria mais nenhum outro inseto.

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3 comentários

  1. Que conto lindo Bruna! "Ela só sabia amar em borboletas", de uma poesia fabulosa!

    Imenso abraço!

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  2. Poema lindo, Bruna! Mas eu sou super suspeita para falar, porque adoro borboletas :)
    Beijos

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  3. Amei o poema e sincronia das palavras.
    Me deu até inspiração para voltar a escrever poemas.

    KAROLINI BARBARA (BLOG)
    @karolinibarbara_

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