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Romance// 512 páginas// Editora Grupo Autêntica// Classificação: 3/5
Estudar a História da Inglaterra é um dos meus hobbys favoritos. Desde pequenina, eu gostava da cultura e das paisagens daquele país e, quando cresci, minha admiração se voltou também à sua História. Claro que não é de tudo que gosto. Meus olhos são realistas para o fato de ela ter sido Imperialista e outras coisas mais que prejudicaram muitos países, inclusive o Brasil. Entretanto, gosto bastante de saber sobre sua História do dia a dia (a das pessoas comuns) e de estudar sobre as famílias reais.
Então, quando descobri o livro Minha Lady Jane, meus olhinhos brilharam como duas estrelinhas. E, quando soube, por meio de outras resenhas, que o livro tratava a realeza britânica com bastante humor (o livro foi comparado a Monty Python, quem diria!), não pensei duas vezes e o coloquei como uma das prioridades da minha Wishlist literária. Bom, depois que li, acho que a comparação foi um tanto quanto exagerada, mas... Vamos ao que o livro fala.
Minha Lady Jane pega um fato histórico cruel e o contorce, distorce e melhora. O livro é sobre lady Jane Grey, membro da realeza tudor que se torna rainha e fica no poder por incríveis nove dias até ela ser destronada e decapitada a mando de Maria I (Bloody Mary). Isso acontece em meio a um jogo de poder, logo após a morte prematura do herdeiro legítimo de Henrique VIII, Eduardo VI. Ah, mais uma coisa que acontece com Jane antes disso tudo: ela se casou, forçadamente, com Guilford Dudley, filho do conselheiro real.
Uma história trágica, não? Mas, e se os historiadores fazem parte de um complô para esconder a verdade do mundo? E se nada disso aconteceu de verdade? É a partir daí que o trio de mulheres incríveis que escreveram esse livro mudam a História dando pitadas de fantasia nela.
Eduardo VI é vítima do meio em que vive. Guilford (ou Gê) é um garanhão (literalmente) sensível e que se apaixona verdadeiramente por Jane. Ela, uma mulher empoderada que não tem medo do que a espera. E, ainda temos a maior rainha que a Inglaterra já teve - Elizabeth I - muito fofa, inteligente e pronta para ajudar o irmão sempre que necessário.
Em meio às tramas obscuras da realeza, a Inglaterra vive em outra guerra: pessoas que conseguem se transformar em animais são perseguidas por aqueles que não tem esse poder. Em contrapartida, ataques rebeldes da Alcateia destroem lares inocentes.
Não posso contar mais nada além disso, porque estragará sua leitura de verdade. Minha Lady Jane é um daqueles livros ágeis e que traz ao leitor uma revelação atrás da outra a cada virada de página. Isso se deve, principalmente, pelo toque de fantasia que as autoras dão à História. Aliás, é justamente por causa desse toque especial que o livro funciona. Sem o fato de os humanos se transformarem em animais, a História não conseguiria ser mudada de forma plausível e o livro se perderia. Ah, e muitas das sacadas de humor do livro também vem daí.
É claro que os personagens que elas constroem tem personalidades incríveis e que combinam bastante com a pressuposição que fazemos deles, quando olhamos suas pinturas. Um dos pontos altos para mim é a desconstrução do machismo interiorizado de Eduardo: ele passa de um garoto-rei mimado e que acredita que as mulheres não são capazes de serem líderes para um homem maduro, digno da coroa que ostenta.
Aliás, muito se diz que Minha Lady Jane, na verdade, é um livro sobre empoderamento da mulher. Eu concordo. Mas, também acho que toda a situação da passagem de bastão entre Eduardo - Jane - Maria I - Elizabeth I é uma transformação de paradigma na História inglesa, afinal, Beth foi a maior rainha que eles já tiveram, responsável por tornar a Inglaterra o centro econômico do mundo na época. E isso já foi muito (para a época).
Mas, apesar de ter gostado bastante dos caminhos que as autoras deram à trama, confesso que eu esperava mais. Acho que esperava, justamente, aquele #montypythonvibes prometido pelos editores. Eu não chorei de rir com o livro. Os momentos que me arrancaram um risinho foram poucos e óbvios. E, a desconstrução histórica delas foi mais importante para levantar a bandeira feminista do que para agradar aos fãs de História.
Em geral, é um bom livro, sim! Como o livro é em primeira pessoa, as autoras tiveram que construir uma mentalidade para cada personagem e nisso elas foram primorosas. Todos eles são adolescentes ou jovens e agem, pensam e sentem assim. Outra coisa interessante são os títulos bem humorados que elas fazem dos livros que Jane lê, um é melhor do que outro e me dão a sensação de ser vítima também da troça, já que também sou uma rata de biblioteca.
O meu destaque vai para a Elizabeth. Que mulher! Que mulher! Peço a Deus que as autoras façam um livro sobre ela agora, porque ela é uma pessoa maravilhosa. Pensando bem, poderia até ser uma continuação de Minha Lady Jane, né?
Se você gosta de romances e de personagens petulantes, recomendo que leia Minha Lady Jane. E, se você já leu, não deixe de comentar o que achou!