Resenha: Contos de Terror do Tio Montague, Chris Priestley

by - outubro 20, 2019


Edgar tem um tio que adora contar histórias arrepiantes. Só que são todas reais... até demais! Uma pequena boneca, uma moldura dourada, um velho telescópio de latão, entre outros objetos curiosos e sinistros são provas disso. Mas como o tio Montague teria conseguido montar tal coleção? O que Edgar nunca podia imaginar é que o protagonista da mais inusitada e horripilante história contada pelo tio era ninguém menos que o próprio - Montague.

Fantasia // 256 páginas // Pavio // Classificação: 5/5

Eu não consigo preencher duas mãos da quantidade de vezes que eu falei sobre esse livro com vocês, com meus amigos e com meus familiares. Acho que sempre que outubro se aproxima, e com ele o Dia das Bruxas, eu começo a retomar as histórias fantásticas que preenchem as páginas desse livro e sempre volto a fazer a pergunta: "Mas, você já leu? Você tem que ler!" para praticamente todo mundo que passa na minha frente.

De todos os livros de terror e creepypastas que já li, com certeza, Contos de Terror do Tio Montague foi o melhor deles. Quando eu o comprei e vi que ele fazia parte de um selo infanto-juvenil da editora Rocco, pensei que a compra valeria à pena muito mais pela beleza da edição. Porém, assim que comecei a lê-lo, não tive dúvidas de que estava enganada: esse é o livro que contém as histórias mais assustadoras que já li na vida!



O livro é sobre a jornada de Edgar, um menino que está no período de férias escolares e sem muitos amigos, já que os pais não se dão bem com crianças, exceto por seu tio, um senhor excêntrico que vive em uma casa enorme e horripilante depois de uma floresta. Um dia, o menino decide visitar seu tio Montague e descobre que além de esquisito, seu tio também é um ótimo contador de histórias... Desde que elas sejam horripilantes!

Edgar, porém, não tem medo e aceita todas as condições do tio para que ele continue a contar suas histórias. Mas, logo depois da primeira, o menino percebe uma coisa que o deixa incomodado (além, é claro, das várias esquisitices do tio e dos empregados da casa): objetos que aparecem nas histórias narradas por Montague existem no mundo real e estão guardados, justamente, na casa dele! 

Se eu fosse Edgar, teria saído correndo daquela casa logo depois do primeiro conto! Mas, ainda bem que ele não fez isso, porque senão a gente não teria acesso à imaginação fértil, sensível e criativa que Chris Priestley possui e nos dá amostras em cada um dos contos. Um conto após o outro, as narrativas vão ficando mais e mais intrincadas e imprevisíveis, fazendo com que a gente não queira desgrudar os olhos do livro, ao mesmo tempo em que os voltamos para a porta, com medo de aparecer um monstro assustador.


Além do horror, mais visual, muitos contos desse livro nos trazem um terror bem psicológico, construído na base da desconfiança e da surpresa pelo caminho tomado. Os meus contos favoritos  (e que são os próprios capítulos do livro) são: Poda de Inverno; A Moldura Dourada e A Des-porta. 

Pessoal, são esses os contos responsáveis por minha chatice, sempre relembrando o quão Contos de Terror do Tio Montague é um livro espetacular para todos vocês. Eu não contarei as histórias dos meus contos favoritos para não dar spoilers, mas tenham a certeza de que eles são os melhores de todo o livro!


Acho que esses são os contos que trabalharam melhor a questão da trama psicológica, o que me atrai mais do que o horror visual, sabe? Talvez, seja por isso que eu não seja tão fã de filmes de terror, mas adore assistir a filmes de suspense. Esses foram os contos que me deixaram perturbada por dias! Até hoje, eu não consigo parar de pensar na complexidade do conto do espelho.

E o final? O final do livro é tão surpreendente quanto os pequenos finais ao longo da narrativa, referentes aos contos. Já é perceptível, ao longo da leitura, que a casa do tio Montague é bem esquisita, cumprindo todos os critérios de Casa Mal-Assombrada, sabe? Só por causa disso, a gente já pode ficar desconfiados de que o velhinho contador de causos não é flor que se cheire. Mas, além disso, o fato de Montague saber todas as histórias das crianças com tanta riqueza de detalhes, guardando até mesmo objetos delas, é surreal! Só isso já dá o gostinho de terror dentro de terror para a narrativa.

Já que assim como está na sinopse, o próprio tio Montague é um personagem de seus próprios contos, e parece que toda a história e relação que ele tem com Edgar também faz parte desse universo à parte do que seria a Realidade. Ao terminar a leitura, apesar de eu ter ficado satisfeita com os blocos bem fechados dos contos (nenhuma ponta solta existe neles), fiquei com um gostinho de quero mais pela história entre Montague e Edgar.


Por isso, esse é o meu livro favorito para ser lido e relido durante a época de Halloween. E você, já leu Contos de Terror do Tio Montague? O que achou? Deixe nos comentários sua opinião, por favor!

Beijos açucarados e au revoir!

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