One page story challenge: to give yourself a new perspective on a problem

by - junho 05, 2020


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Ser da geração Y. Nascidos nos anos 90, este texto é uma fonte de reflexão para vocês. Prazer, colegas de maternidade.

Nós vivemos em um limbo. Sim, é verdade, nós vivemos! Não somos nem uma coisa, nem outra. Somos a primeira lufada de tecnologia, mas fomos pousados na Terra quando tudo ainda era incipiente nesse sentido. Vivemos em um mundo feito de Internet à cabo, discada com aquele chiado insuportável e conectável apenas aos finais de semana. Tivemos disquetes para transferir os trabalhos da escola e um MP3 precioso colado com durex em nossos braços enquanto varríamos a casa.

Somos a última geração ativa da Capricho. Preocupados com a edição 457 com a capa do Restart, mas que não trazia o Colírio em pôster que tanto adorávamos. Uma pena não poder colá-lo na terceira porta dos nossos guarda-roupas (as outras duas portas já estavam preenchidas pelo Robert Pattison e pelo Luan Santana na fase Meteoro da Paixão). Somos a fase de transição da revista para a Internet também. Somos a agonia de não poder mais comprar a Mundo Estranho. RIP.

Quem nasceu sob o signo da geração Y é condenado a ser tiozão e jovenzinho dos memes do Twitter tudo ao mesmo tempo. Somos as duas partes de universos insolúveis, mas que coexistem em nós como um experimento barato de químicos malucos. Nós críamos o YouTube com sangue e suor. Nós demos likes para o bar-mitzvah de Nissim Ourfali. E nós somos os construtores do cancelamento, a arrogância em forma de 101-cancele-alguém-por-uma-fala-dita-sem-pensar.jpg

Nós tivemos o famoso tijolão da Nokia e disputávamos batalhas do Jogo da Cobrinha, hiper pixalizado e hiper adorado. Mas, nós também deixamos de digitar as perguntas que assolam nossas cabeças confusas para perguntar a Alexia qual é a máxima temperatura do dia. Nós somos dúbios na parte da tecnologia, sim. E também somos rasos de afeto.

Aqui eu dou uma pausa para um momento de reflexão que construiu uma nova perspectiva para meus problemas internos. Os filhos de Eliana (não literalmente, mas em eufemismo) têm problemas emocionais latentes. Somos mais inteligentes que nossos pais. Somos mais engajados do que os nossos pais. E somos mais carentes do que os nossos pais.

Fingimos que somos adultos porque vamos morar sozinhos em um apartamento descolado na esquina da Augusta com a Paulista. Fingimos que somos adultos porque bebemos vinho à noitinha ouvindo Belchior, afinal o Indie já está over. O novo álbum dos Arctic Monkeys? Melhor que ele só a nova fase do Harry Styles. Fingimos que somos adultos porque pagamos nossos boletos e reclamamos disso em 140 caracteres no Twitter. Mas, será que somos adultos em nossas emoções?

A resposta que alguém criada ouvindo Vou Passar Cerol na Mão enquanto lia Turma da Mônica é não. Somos todos frágeis emocionalmente como pássaros de asa quebrada. Nós sorrimos no feed do Instagram e choramos no Twitter. Nós fingimos ser adultos e damos outros nomes para as histórias em quadrinho que confortam os nossos corações. Nós clamamos a nostalgia porque ela nos dá saudade de quando éramos pequeninos e alguém nos abraçava e dizia que tudo estava bem. Nós dizemos amém para o Rouge porque eram elas que nos fazia sonhar com um mundo mais bonito.

E em tempos difíceis tudo isso se exacerba. Nós, a geração da Carminha e da Flora, somos dúbios também em termos de vida. Somos inteligentes, mas não somos espertos. Somos felizes nas telas e ansiosos na Terra. Somos dois em busca de outros dois para se completar... isso dá cinco?

Dá seis? Dá 2020? Ou dá 1990?

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6 comentários

  1. Respostas
    1. Bonjour, miss Teresa. Ça va?

      Muito obrigada por seu comentário, flor do campo. Bem, como uma garota dos anos 2000, espero que o meu texto tenha sido fiel a tudo o que vivemos nessa época.

      Beijos açucarados

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  2. Querida Bruna,

    Socorro, adorei essa postagem hahaha

    Eu me sinto DEMAIS assim. É uma mistura de tantas coisas que formou essa coisa que somos hoje: não entendendo os mais velhos com seus pensamentos ultrapassados demais e nem entendemos os mais jovens com suas dancinhas do Tik Tok. Realmente estamos no limbo, e só outro de nós pra nos entender!

    Com amor,
    Fernanda!

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    1. Bonjour, miss Fernanda. Ça va?

      Aaaaa, não sabe o quanto estou contente por te ver em meu jardim secreto novamente, miss Fernanda! Eu gosto tanto de ti e de suas opiniões no Twitter, adoro seu blog de paixão e fico muito feliz por ter você em meu círculo de amizades virtuais.

      Como uma garota que nasceu no fim dos anos 90 e cresceu nos anos 2000, eu digo: muito obrigada pela identificação! Concordo super com o que você disse e, mesmo adorando assistir às compilações de TikToks de cottagecore, fairycore, witchcore e afins no YouTube, ainda não tenho coragem de criar uma conta própria, hihi.

      Beijos açucarados e au revoir

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  3. Um ode aos velhos tempos, aos nosso tempos.
    Bruna, esse texto foi lindo de um jeito que me fez querer repensar sobre minha existência mais uma vez - coisa que eu não faço a um bom tempo ah-haha! Honestamente vi um túnel do tempo lendo parágrafo a parágrafo e a cada frase, eu me via tomando ene pensamentos muito semelhantes ao que você descreveu, e como o tempo passa mas não passa.

    A gente teve muita coisa colocava garganta abaixo porém, no meu caso isso foi meio que brecado pois eu não tive realmente acesso a tudo isso, em todas as suas fases, eu meio que via as pessoas falando sobre isso e estava tudo certo - na real eu só fui ter celular e computador bem tarde na minha vida - mas me é muito fácil sentir empatia pelo o que li, pois querendo ou não eu vivi isso também. E quer saber de um negócio, a melhor resposta que encontrei para mim mesma foi, deixar de querer tudo imediatamente, a deixar as coisas passarem, os discos lançarem e o novo ficar velho em questão de meses, nesse momento eu abraço o meu lado tiazona com o maior orgulho do mundo, já fui jovem ansiosa e não preciso mais disso com tanta intensidade, ah-haha!

    Bruna, seu texto foi lindo e eu o lerei mais vezes, viu?
    Beijos, Snow!

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    1. Bonjour, miss Snow. Ça va?

      Aaaaa, que comentário mais gentil, querida flor do inverno. Ou floco de neve, como você preferir, hihi. Eu também tive acesso à Internet bem depois dos meus amigos, então, guardadas as diferenças, entendo o que você sentiu na época.

      Mas, vamos combinar uma coisa: ser tiazona não é a melhor coisa que já aconteceu em nossas vidas? Podemos já reclamar dos mais jovens e curtir bandas over da nossa adolescência sem sermos criticados mais (alô, Restart). Para mim, esse é o paraíso da cultura pop.

      E, obrigada pela tecitura elogiosa de seu comentário. Espero que venha muitas vezes mais visitar o meu blog. Beijos açucarados e au revoir

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