Como comecei a escrever e algumas dicas confusas

by - março 12, 2019

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Quando eu estava no ensino fundamental, minha aula favorita era a de redação. Lembro-me de que eu era uma das únicas que ficava empolgada com a aula (que não era bem uma aula): uma oficina em que tínhamos que escrever sobre temas que estavam na apostila ou que o professor nos passava.

Muitas vezes o tema era livre e eram nessas aulas, raras e únicas, que eu passava minutos pensando sobre o que seria interessante escrever, até que eu entrava em um estado quase de transe que fazia com que minha mão passeasse sem que eu realmente a controlasse. Era mágico, mas tenho a sensação de que era um pouco assustador também, pois meus amigos se indignavam de eu conseguir escrever tão rápido.

Uma vez, eu havia acabado de ler o resumo de Romeu e Julieta (conto a história de como eu consegui esse exemplar e de como essa obra de Shakespeare me é querida em outros capítulos) e decidi escrever a história tim tim por tim tim e entregar para meu professor. Passei os cinquenta minutos da aula escrevendo furiosamente, minhas mãos doíam, mas meu coração dava pulos de alegria. Aquele dia, eu escrevi quatro páginas. A única coisa que meu professor escreveu para mim foi “Parabéns”.

Não digo que fiquei frustrada. Na verdade, naquele dia eu percebi que eu realmente adorava escrever. Depois, vieram os blogs e páginas de cadernos para compilar meus arroubos de escritora. O que você está lendo nesse momento é o resultado de uma das minhas necessidades de escrever, criar personagens, experimentar ritmos e reconstruir mundos.

Se você já leu um dos contos desse blog (se não, depois que terminar esse texto, clique na aba lateral e no botão “tag”. Selecione a seção “Contos Particulares”. Espero que goste!), percebeu que não tenho temas específicos para eles. E nem estruturas específicas. A escrita para mim, de verdade, é como a explosão de minha alma em teclas e tintas de caneta. Minha mente se embaça e meu coração toma o controle, vejo o resultado apenas no fim, quando releio o que escrevi.

Claro que, como jornalista, faço isso apenas em meus singelos contos para cá. A minha profissão é racional, por isso que, quando questionam se eu não canso de escrever, eu digo que não. Escrever para cá é puramente passional: meus personagens não tem nome, porque eu esqueço de os nomear. As palavras não tem complemento, porque o impacto que elas produzem em mim é maior quando estão sozinhas. Os textos são curtos, longos, fáceis de ler ou tão truncados que são confusos demais. Porque eles são faíscas do que meu coração produz.

Disse tudo isso, porque eu quis fazer esse capítulo para dar dicas de escrita às pessoas que querem se aventurar nesse meio alimentado por lágrimas, presunção e muita alegria. E minha dica é: escreva sobre o que sua alma clama urgentemente. Não importa se a forma é de poesia, conto, descrição, filosofia. Apenas escreva.

Quando eu começo um conto, eu penso primeiro em uma frase ou palavra de impacto. É por ela que conduzirei todo o começo do meu conto. O final é nublado para mim, nunca penso nele. A palavra impactante que será a minha luz no fim do túnel: se eu não souber como terminar o conto, volto a ela e penso “quais são seus significados mais ocultos”? Se eu achar um apenas, ele será o meu final.

Outra modalidade que amo é a descrição de pessoas. Para o blog, eu já descrevi três: Mozart, logo depois que assisti a Amadeus;  Loki, minha figura mitológica favorita; e, meu professor de inglês do ano passado. Se você se interessa por descrição, indico que comece com personalidades históricas ou celebridades. Além de você ter bastantes dados sobre elas, o maior bem é que elas não te conhecem. Descobri, recentemente, o quanto é difícil descrever pessoas conhecidas, amigos e família, porque o nosso olhar é muito mais afetuoso e um pouco cego. Acredito que, com o tempo, será mais fácil. Ainda, para mim, é difícil.

Como eu disse acima, escrever é uma questão de vaidade. Todos nós somos um pouco como pavões; nossas penas, as palavras. Podemos até dizer que não escrevemos por reconhecimento, mas por paixão. No meu caso, é a mais pura verdade! Mas, escrever é, sim, uma massagem no ego: sempre que ouço as pessoas dizendo que acharam meu texto legal, impactante ou, só, desinteressante, é um estímulo para continuar a escrever.

Por isso, minha dica final, se você não sabe se quer começar a escrever ou não é: abra o Docs (ou o World). Se o cursor piscante te causar uma sensação de incômodo, se você o ouvir sussurrar palmas ou se você tiver vertigens com sua dança monótona… Escreva. Sim, você tem potencial. E, não se esqueça de me mandar suas obras depois para mim. Se tem uma coisa que eu gosto de fazer mais do que escrever é ler. Mas, isso fica para um próximo capítulo.

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5 comentários

  1. Boa tarde, Bruna!
    Que texto legal! Eu, particularmente, amo escrever, então quando vejo textos legais assim sobre escrita, fico empolgada e feliz por ler! :)
    Um abraço!

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    1. Bonjour, mis Gleize!

      Peço desculpas pela demora em responder... Soube só agora que todos os seus comentários ficaram escondidos para mim, guardados para moderação. Que triste!

      Mas, agradeço por suas palavras, viu? Desejo te ver por aqui mais vezes, borboletando em meu jardim secreto com suas asas multicoloridas.

      Beijos açucarados

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    2. Oi, Bruna! Boa tarde de Primavera! 🌷
      Que bom que esse mau-entendido foi esclarecido.
      Confesso que na época, há alguns meses quando aconteceu, eu fiquei triste pensando que você não quisesse publicar meus comentários em seu blog. Fiquei mais triste ainda quando vi os comentários de outras pessoas e as suas respostas a elas chegando ao meu e-mail como notificação, porque eu havia comentado antes e por isso estava seguindo a postagem para quando você me respondesse, os seus comentários de respostas chegassem ao meu e-mail e eu visse/lesse. Eu fiquei pensando: "Por que só os meus comentários não foram publicados, nem respondidos?" Só os meus que foram parar na moderação?
      Eu cheguei a falar com você a respeito, na postagem da mudança do layout do blog, no Facebook. Pensei que o problema fosse ser revolvido logo ali.
      Fiquei triste porque eu gostava do seu blog e de vir aqui, e por não ver os meus comentários publicados, pensei que você não me quisesse mais por aqui, que talvez os meus comentários não estivessem agradando, pois já estou acostumada a não ser bem-vinda a muitas pessoas, por isso parei de comentar aqui e fiquei sem comentar esses meses todos que se passaram. Mas os seus novos comentários em resposta aos meus demonstram o contrário e eu fico feliz por isso e por constatar que parece que eu estava errada. Que surpresa boa ter recebido hoje em meu e-mail, as notificações das suas respostas aos meus comentários em seu blog!
      Um abraço.
      ~Rose Gleize. 🌸🌸🌸

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  2. Ah, miss Bruna! Creio que começamos a escrever nos mesmos períodos de nossas vidas,porém por motivos diferentes, mas que bom que seguimos esse caminho. Hoje já não me vejo sem a escrita, mesmo aquela que rasga e traz lágrimas, ou a que traz um riso infindável na alma. Somos registro que o tempo não apaga, porque toda a escrita é eterna :D
    Beijos doces ^.^

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    1. Bonjour, miss Jenny.

      Faço de suas palavras, as minhas. A escrita me ajudou a libertar quem sou de verdade, me ajudou a ser mais feliz e saber que eu não estava sozinha, com meus problemas e minhas alegrias, no mundo.

      Beijos açucarados

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