Resenha: O Rei de Amarelo, Robert W. Chambers

by - outubro 31, 2019


Obra-prima de Robert W. Chambers, O Rei de Amarelo é uma coletânea de contos de terror fantástico publicada originalmente em 1895 e considerada um marco do gênero. Influenciou diversas gerações de escritores, de H. P. Lovecraft a Neil Gaiman, Stephen King e, mais recentemente, o escritor, produtor e roteirista Nic Pizzolatto, criador da série investigativa True Detective, exibida pela HBO, cujo mistério central faz referência ao obscuro Rei de Amarelo.
O título da coletânea faz alusão a um livro dentro do livro — mais precisamente, a uma peça teatral fictícia — e a seu personagem central, uma figura sobrenatural cuja existência extrapola as páginas. A peça “O Rei de Amarelo” é mencionada em quatro dos contos, mas pouco se conhece de seu conteúdo. É certo apenas que o texto, em dois atos, leva o leitor à loucura, condenando sua alma à perdição. Um risco a que alguns aceitam se submeter, dado o caráter único da obra, um misto irresistível de beleza e decadência.

Fantasia // 256 páginas // Intrínseca // Classificação: 4/5

Um livro que eu queria tanto, mas tanto, que acabei ganhando de uma colega no amigo secreto do meu último ano de Ensino Médio... O Rei de Amarelo foi um livro que eu descobri depois de ler várias resenhas em um blog e me apaixonei pela ideia desde o primeiro momento.

Afinal, existe coisa mais interessante do que o mistério por trás de um objeto aparentemente inofensivo? Pensa assim: você vai a uma biblioteca e se apaixona por um livro pela capa. Mas, assim que você começa a lê-lo, percebe que as palavras te envolvem de um jeito estranho, sedutor e quase obsessivo, levando sua mente a loucura. Doido, né? E é exatamente por isso que os personagens dos contos que constroem O Rei de Amarelo passam.


Ao longo do livro, dentro das múltiplas narrativas que Chambers nos oferece pelos capítulos, sabemos que as personagens fazem parte de um universo em comum e que, nesse universo, existe um livro-peça cujo título também é O Rei de Amarelo. Esse livro foi proibido por ter causado problemas graves nas pessoas que o leram, mas ele continua a ser compartilhado ou vendido no mercado ilegal para aqueles que quiserem lê-lo. Em alguns momentos, ele aparece do nada para a personagem, do nada, de forma tão misteriosa quanto o conteúdo de suas páginas amareladas.

E, assim que as personagens tomam contato com essa peça, coisas estranhas começam a acontecer com elas. Vemos, em todos os contos, pessoas enlouquecendo de formas diferentes, cometendo atos inimagináveis e se definhando aos poucos. O pior é que eles não percebem que o causador disso tudo é O Rei de Amarelo. Só nós, leitores, que já estamos de sobreaviso, percebemos o quanto a história fantasiosa do livro é prejudicial para todos.


O mais interessante da obra de Chambers é, com certeza, o universo particular que ele constrói dentro do que seria a realidade para nós. A forma como ele constrói o livro dentro do livro é espetacular. Por muitos momentos, eu fiquei pensando se realmente nunca existiu O Rei de Amarelo no nosso universo real. Inclusive, eu pesquisei na Internet logo que terminei o livro para saber mais sobre isso. E spoiler: não, esse livro não existiu, haha.

Como sempre, eu gostei mais de alguns contos do que de outros. Os meus favoritos são: O Emblema Amarelo e A Máscara. Esses são contos que possuem um aprofundamento psicológico mais bem trabalhado, as personagens não se perderam ao longo da narrativa (como aconteceu em um ou outro conto) e os finais foram muito bem pensados. Aliás, minha principal crítica é que alguns contos não foram tão instigantes. Alguns são bem chatinhos e me decepcionaram bastante, mas, resisti, terminei de ler e parti para a próxima! 

De tudo o que existe nesse livro, a minha parte favorita é a edição linda que a Intrínseca produziu. A textura da capa é muito diferente das comuns. Ela é mais resistente e seca, parecendo emborrachada, mas não sendo, sabe? Outra coisa que eu achei lindinha foi que os nomes dos capítulos e do livro ficavam na lateral das páginas, e não em cima como é comum, sendo possível consultar o capítulo sem precisar abrir o livro. Nota 10 para você, Intrínseca!


No geral, eu fiquei bem feliz com a leitura. Confesso que ela ficou um pouco abaixo da minha expectativa, mas é um livro que sempre levarei em meu coração.


E você, já leu O Rei de Amarelo? O que achou do livro? Deixe sua opinião nos comentários, por favor!

Au revoir.

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