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La Petite Souris

Hoje é o último dia de 2019! Você consegue acreditar nisso? Mais um ano terminou e, em minha opinião, ele passou tão rapidinho... Foi um ano de muitas conquistas para mim, amadurecimento e boas novas, então sou muito grata por tê-lo vivido e por tudo o que ele me trouxe. Inclusive, leituras que me transformaram positivamente e fizeram reviver o meu espírito de ratinha de biblioteca que eu senti que havia adormecido em 2018.

Por isso, como último capítulo de 2019 do blog, trouxe mais uma tag literária para vocês. Eu a conheci pelo canal Livros e Fuxicos ainda nas primeiras semanas de dezembro, e logo quis responde-la aqui no meu cantinho. Aliás, posso fazer uma pergunta? Vocês tem o costume de fazer metas literárias para o Ano Novo? Pergunto porque essa é uma das questões da tag e tive muita dificuldade em respondê-la, pois nunca fiz isso. Afinal, eu nunca tive tantos livros acumulados para ler como eu tenho agora, então não via motivos para projetar próximas leituras... 

Outra pergunta que eu tenho é: vocês fazem uma lista dos livros lidos ao longo do ano? Isso eu faço! Já faz tempo aliás hehehe. Também faço listas dos filmes que assisti e das séries que conclui ou comecei. Minha agenda está super lotada agora! Enfim, vamos à tag? Lembrando que se vocês quiserem respondê-la também, por favor, peço apenas que me mandem nos comentários o link para que eu possa conferir a resposta de vocês e, claro, pegar algumas dicas de livros.

  • Tem algum livro que você começou esse ano e ainda precisa terminar?
Origens, do Neil deGrasse Tyson. Eu comecei a lê-lo super empolgada, mas as teorias físicas foram ficando um pouco complicadas e a leitura me desestimulou um pouquinho. Porém, quero muito terminar esse livro e pretendo que seja logo!
  • Você tem um livro primaveril para te ajudar na transição do ano?
Sim, O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, de Jorge Amado. Por ser um livro infanto-juvenil, por ter animais como protagonistas e pela minha edição ser recheada de lindas ilustrações, acho que esse livro me traz um gostinho de Primavera - leve e adocicada.
  • Tem algum lançamento que ainda queira ler?
Hm... Com tantos livros que eu ainda tenho que ler, acho que não por enquanto.
  • Quais são os três livros que você deseja ler até o final do ano?
Em ordem: O Presente do Meu Grande Amor; O Casamento da Princesa, da Meg Cabot; e  A Metamorfose, de Franz Kafka. Como hoje é o último dia de dezembro e do ano de 2019, espero ter cumprido com essa meta (essa é a Bruna do passado falando huhu).
  • Tem algum livro que você acha que ainda pode te chocar e virar seu favorito?
Chocar, chocar não. Mas, acredito que esse se tornará um dos meus livros favoritos com certeza, pois já amei a escrita da Paola em Volte para Mim. O livro é Livre para Recomeçar, da Paola Aleksandra.
  • Você tem uma meta literária pro ano que vem?
Pois é, não... Mas, quero muito terminar de ler os meus livros acumulados.

Gostou da tag? 

Quero agradecer muito por esse 2019 no blog. O La Petite Souris fez dois aninhos nesse ano e, mais do que isso, ele cresceu muito ao longo de 2019 inteiro. O blog mudou de carinha, ganhou um perfil no Instagram (@bloglapetitesouris), produziu seus primeiros vídeos, ganhou novos seguidores (muito obrigada de coração, mes amis) e, acima de tudo, me fez muito contente! Então, tudo o que eu posso fazer é agradecer a vocês pelo apoio e pelo carinho nesse lindo 2019. Eu amo vocês e desejo que possamos nos ver e conversar ainda mais em 2020.

Feliz ano novo a todos! Au revoir.
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Este capítulo poderia ter chegado há poucos dias, porém o meu coração pediu para que ele fosse um dos muitos sobre gratidão da categoria do Sunday Love... Porque existe motivo maior de gratidão do que o Advento? 

O Calendário do Advento é uma tradição natalina que está se tornando popular no Brasil só agora. Eu mesma conheci essa tradição há uns três anos e me encantei na hora: um calendário para aguardar a Véspera do Natal, em que é possível fazer algo ou ganhar pequenos presentes até esse dia? Isso sim é que era uma atividade maravilhosa para essa época do ano! 

Por isso, me empolguei e fiz meus primeiros calendários da forma mais simples possível. Eram apenas envelopes decorados com motivações natalinas aonde eu guardava bilhetinhos com instruções de atividades a fazer. Mas, eu realmente queria tornar o Calendário do Advento uma tradição para mim e para minha família. Daí, eu mesma construí o meu próprio calendário de tecido! Inclusive, eu compartilhei aqui no blog o seu passo a passo, confere aqui!


No ano passado, eu ainda colocava bilhetinhos com atividades para entrar no clima do Natal, mas neste ano eu quis fazer diferente. Então, depois de assistir a vários vídeos britânicos e germânicos (países em que a tradição do Calendário é bem mais forte do que no Brasil) pelo YouTube, decidi o seguinte: eu me presentearia com pequenas coisas durante todos os dias do Calendário. Nada muito caro e nem muito grande, apenas pequenos presentes significativos que alegrariam os meus dias até o Natal.

E não é que deu certo? Confesso que foi bem trabalhoso ir atrás desses presentes e também escolher o que colocar no Calendário. Mas, no fim, sempre dá certo e nós ficamos felizes, não é mesmo? Foram vinte e quatro presentes (e algumas atividades também, pois não conseguir ter ideia para tantos dias) que vocês podem ver aí na foto de baixo. Se você for reparar, na foto não estão todos eles: alguns eu já usei e acabou. Porém, quis mostrar para vocês todos os que são mais duradouros para que, quem sabe, vocês também se inspirem para seguir essa tradição no ano que vem e daí, já ficam algumas dicas de presentes.


Como vocês podem ver, eu gosto muito de bibelôs, hahahaha. Desde quando eu era bem pequenina, meu quarto era recheado de enfeites espalhados pela penteadeira e uma das minhas atividades favoritas era ir escolher e comprar mais enfeites para lá. Eu também gosto bastante de adesivos (embaixo da cartela da Barbie, tem mais umas quatro!) e de atividades manuais (por isso, as canetas, as sementes e a estrela, que eu mesma fiz). 

E quem não gosta de chocolate e sabonetes perfumados? Complementa tudo isso com acessórios, pronto, você construiu o Calendário do Advento perfeito para mim, hihi :3 


Ooown, um minuto de silêncio para esse ouriço (hedgehog) de pelúcia que alegrará todos os dias da minha vida à partir de agora <3 

Para quem acompanha o blog pelas redes sociais também, principalmente pelo Instagram, já sabia do Calendário do Advento desse ano. Isso porque eu compartilhei os meus presentinhos todos os dias pelos stories, complementando todos eles com as maravilindas músicas de Natal que me deixam tão contente em Dezembro. Se você quiser ver como ficou, ainda dá tempo, viu? Corre lá na bio que eu deixei um card especial sobre isso: @bloglapetitesouris.

E você já conhecia a tradição do Calendário do Advento? Como foi essa atividade nesse ano para vocês, mes amis? Deixem aí nos comentários quais são as tradições de Natal que vocês mais gostam, por favor, pois adoro ler suas palavras por aqui. Au revoir.
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São Nicolau já chegou na cidade... E também já se despediu dela ontem mesmo. Eu sempre me impressiono com o quanto as visitas dele são rápidas! Agora, só o veremos novamente no fim do ano que vem... E como foi o Natal de vocês nesse ano de 2019?

Muitas pessoas possuem tradições natalinas e formas de comemorar diferentes. Eu, por exemplo, sou completamente o oposto do Grinch: eu amo o Natal! Ele corre nas minhas veias não só em Dezembro, mas o ano inteirinho. Isso porque acredito que o espírito natalino é um estado e não se resume a uma época do ano, sabe? O amor, a gratidão, a amizade, a paz e a união são sentimentos que precisam ser reforçados durante todos os meses seguintes, por isso, guardo em meu coração aquela sementinha com cheirinho de canela e que toca "All I want for Christmas".

Mas, para além disso, eu também tenho formas de comemorar o Natal que são mais palpáveis. Eu gosto muito de assistir a filmes natalinos (desde aqueles bem ruins de comédia romântica até os clássicos como Milagre na Rua 34); ouvir playlists natalinas das blogueiras (a minha favorita de 2019 foi a da Melina Souza, do Tea with Mel); fazer o Calendário do Advento; ir aos shopping para ver as decorações de Natal e fazer compras também, mesmo que eu tenha internalizado que o Natal não significa apenas dar e receber presentes. Além disso, todos os anos, desde que eu nasci, eu e minha família passamos o Natal na casa do meu tio. 


Você passa o Natal com sua família também? Sai de casa ou fica em casa, comemorando o Natal de um jeitinho bem aconchegante? Como eu disse, sempre saí de casa e uma das coisas que mais gosto é me arrumar para comemorar essa data... Eu fiquei tão contente por ter conseguido fazer a maquiagem que tinha visto no Pinterest! Eu sei que é bobo, mas mesmo assim, essa pequena conquista deixou o meu coração quentinho.

Porém, confesso que maquiagem não é minha coisa favorita do mundo: esse espaço eu deixo para os cosméticos tipo hidratantes e sabonetes. E foi isso que eu pedi para São Nicolau (vulgo, Papai Noel, vulgo meus... Bem, será que crianças leem meu blog?) coisas assim nesse ano de 2019. 


Um dia desses, passei pela loja da Granado e vi essa lata vintage tão linda exposta. O meu coração parou logo nesse instante. Já sou fã dessa perfumaria por causa de sua história, sua tradição e os cherinhos que ela produz há vários e vários anos, mas, agora, quando eu vi essa ilustração dos anos 1920 estampada na lata... Ai meu Deus!

O mais legal é que existem várias cores de lata na Granado que acompanham as diversas fragrâncias. E se você ainda não comprou os presentes de Natal, corre, porque ainda dá tempo e a Granado tem outros kits especiais de Natal. Inclusive, um Calendário do Advento!

E nesse ano, como fui comportada e boazinha, ganhei dois presentes! O outro veio direto da Boticário, uma perfumaria que conhece a nossa família de cor, pois sempre passamos por lá nessa época do ano. Há algum tempo já, eu queria experimentar esses body showers e ganhei um com cheirinho de Açaí nesse Natal <3

Agora, vou mostrar os detalhes do que o meu Grande Amor (São Nicolau) deu para mim. Três sabonetes, dois hidratantes e um coração feliz...






Olha essa lata! Até mesmo o subtítulo que acompanha o nome da perfumaria é vintage. E a "modelo" segurando o perfume é a coisa mais fofinha que vi nesse fim de 2019!

Quero reforçar mais uma vez que o Natal é muito mais do que apenas ganhar presentes. O Natal é, para mim, o tempo de trocar sentimentos positivos, principalmente o amor, e sermos gratos por tudo o que conquistamos no ano e pelo amor que recebemos nesses 365 dias. Além disso, também é o tempo de sermos generosos e partirmos em doação por todos aqueles que possuem necessidades, não só financeiras, mas também de carinho e amor. 

E como foi o Natal de vocês, mes amis? O tio Nicolau passou por sua casa e deixou presentes também? Comenta aí embaixo, por favor, adoro quando trocamos experiências por aqui. Au revoir e feliz Natal!
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21:00.

Sophia estava parada em frente à árvore de Natal "Charlie Brown" que seus pais haviam comprado naquele ano. Ela era de plástico, o verde fosforescente do que eram para ser as folhas do pinheiro agrediam seus olhos, esteticamente refinados. Afinal, porque raios haviam folhas até mesmo no tronco? Isso não estava certo, assim como o Natal daquele ano, o primeiro que passariam na casa nova.

Eles haviam se mudado para lá há cerca de cinco meses, porém Sophia ainda não se acostumara com a nova residência. Ela era dolorosamente menor do que sua antiga casa. Agora, tinha até mesmo que dividir seu quarto com as gêmeas e - o cúmulo do absurdo - dormir na cama anexa a uma das camas das irmãs. Seus longos cabelos loiros quase tocavam o chão quando se deitava lá, obrigando-a a prendê-los em duas tranças grossas todas as noites. 

Na casa antiga, ela tinha um quarto só para ela. Dentro dele, ela tinha seu pequeno País das Maravilhas: um closet que ia de parede à parede; uma cama queen size coberta por pelúcias que trouxera da sua última viagem à Disney; um painel com as fotos de suas melhores amigas e um pisca-pisca que sempre estava ligado. Agora, seus pais haviam imposto uma regra (tosca, na opinião dela) sobre o pisca-pisca que havia sido instalado na janela da sala: ele só poderia ser ligado no mês de Dezembro e seria desligado na primeira semana de Janeiro, nem um dia a mais. 

Junta todas essas regras - ridículas - que estavam acabando com o Natal de Sophia com os enfeites - irritantemente simplórios - com os quais sua mãe e as gêmeas haviam decorado a árvore deles. A garota tinha certeza absoluta de que aquele era o pior Natal da vida dela. Era culpa dos pais? Não, não conseguia culpa-los tanto assim. Afinal, sua mãe perdera o emprego quando ficou grávida das irmãs de Sophia e nunca mais conseguira se integrar no mercado de trabalho. E seu pai, há exatamente sete meses, também perdera o seu e, ainda mais, tivera que gastar boa parte de suas economias no tratamento de uma doença da avó. Então, Sophia não as culpava. Culpava, sim, o Universo, Deus, sei lá. Culpava a todos, inclusive o - estúpido - Papai Noel em que suas irmãzinhas acreditavam, mas que, com certeza, havia se esquecido dela naquele ano.

Deu uma última olhada para a dançarina de papel que girava com o vento na árvore de Natal e se virou para subir ao seu - pseudo - quarto. Quem sabe a voz de Mariah a animava um pouco?

22:00.

Krampus direcionava sua bússola. Na verdade, batia em sua estrutura metálica com suas longas unhas amareladas, fazendo um "tic, tic, tic" que se assemelhava a um pica-pau trabalhando, tomando o máximo de cuidado que conseguia para que ele não quebrasse. Não podia se dar a esse luxo, afinal, a conquista da bússola para identificar seus presenteados na Véspera de Natal fora uma concessão bastante gentil do velho Nick naquele ano. Antes, Krampus tinha que usar apenas a sua sensibilidade apurada - e a memória - para encontrar as casas daqueles que mereciam a honra de sua visita. 

Na sétima batida, o ponteiro dourado voltou a girar loucamente dentro do vidro. Krampus deu um sorriso e seus olhos, fundos e caninos em seu rosto, cintilaram: o ponteiro havia se virado em direção a uma casa na esquina direita a que estava, uma casa simples, mas arrumadinha, cujas janelas do quarto e da sala se iluminavam com as luzes azuis do pisca-pisca. Ao olhar para casa, Krampus se lembrou do motivo pelo qual o ponteiro da bússola o indicara lá: uma garota de nariz empinado e longos cabelos loiros chamada Sophia.

Ele se levantou do telhado em que estava e fechou os olhos. Em sua mente, o objeto que seria seu presente à garotinha se formava. Percorrendo seu corpo como a adrenalina percorre o dos humanos, a magia irradiava nas veias de suas mãos, que giravam, e começavam a materializar o seu presente a ela. Krampus estava sem pressa alguma - Nick ainda estava a uma hora de chegar até aquele lugar, então poderia fazer seu trabalho na completa paz. Acrescentou os mais ricos detalhes no presente de Sophia e quando sentiu que estava pronto, ao mesmo tempo em que a magia começava a fazer o caminho contrário em suas veias, tomou impulso em direção ao telhado da casa amarela da outra esquina.

22:10.

Sophia levantou os olhos do notebook, aonde Mariah se esgoelava no falsete de "All I want for Christmas". Aquilo que ela vira por trás dos vidros sujos da janela de seu quarto foram chifres? E aqueles chifres estavam indo em direção a sala de estar? 

Ela se levantou da cama da irmã e foi abrir a janela. Olhou em volta: primeiro em direção de onde o vulto havia surgido, depois, em direção para onde ele tinha ido. Porém, não conseguira mais ver nada. Será que estava começando a alucinar naquela casinha? E então, Sophia ouviu um estrondo vindo mesmo da sala. 

Seus pais e as gêmeas haviam ido comprar um item que estava faltando na Ceia de Natal e, com alívio, deixaram a cara emburrada da filha mais velha para trás. Agora, sozinha, tudo o que Sophia poderia fazer para comprovar sua teoria dos chifres era descer até a sala o mais delicadamente possível. E foi isso que ela fez.

22:20.

Por que raios ele tinha derrubado aquela - estúpida - arvorezinha de Natal? Nunca Krampus  tinha sido tão descuidado em suas operações natalinas... E agora ele tinha que ficar colocando enfeite por enfeite nos galhos de novo, desejando aos deuses que ninguém o tivesse ouvido. Mas, o que ele não sabia era que Sophia havia ouvido... E o olhava, aterrorizada, do alto da escada.

"O que você está fazendo aqui? É um ladrão?" - perguntou Sophia, sabendo de antemão que teria uma resposta negativa. Ela sabia quem ele era. Krampus. E sabia por que ele estava de pé no meio da sua sala de estar, com a bailarina de papel em seus dedos enormes de unhas horríveis. Era culpa dela. Ela seria a sua presenteada naquele ano.

"Eu sei que sabe quem sou eu, Sophia. Aliás, meu feliz Natal para você!" - ele disse, com uma voz muito diferente da que Sophia havia imaginado. Era uma voz mais comum, mais sensível e muito sarcástica. Era um tom do qual gostava muito.

"Feliz Natal, senhor Krampus. Algo para mim esse ano?" - perguntou Sophia, com lágrimas nos olhos e as mãos tremendo. 

Krampus virou-se para ela. Viu o medo nos seus olhos, mas também viu uma raiva inconformada que o angustiava. Será que Sophia merecia mesmo a sua visita? Não era caso do Velho Nick dar só algumas pepitas de carvão para ela e tudo estaria resolvido? Krampus hesitou antes de responder à menina. O presente que havia preparado para ela pesava no bolso de seu longo casaco. 

22:35.

Sophia descera completamente as escadas. Krampus ainda hesitava, mas agora parecia mais raciocinar com seus olhos verdes fechados, o cheiro de grama recém cortada exalando dele. Krampus não era exatamente um monstro... Era uma figura mitológica que encantava Sophia muito. Ele era a personificação dos deuses antigos, proibidos, pagãos da floresta. Seus longos chifres tinham um trabalhado que parecia ter sido feito por pequeninas mãos de fadas, heras se enrolavam em seu sobretudo e flores delicadas saltavam de seus bolsos. 

Mas, Sophia sabia que mesmo sendo encantador, Krampus era para ser temido. Ele era justo, mais do que o Papai Noel era nos Natais mundo afora. E Sophia sabia que a justiça de Krampus não lhe era favorável.

22:50.

Finalmente, Krampus abrira os olhos. Sentia que seu tempo estava acabando. Sentia a energia dos outros membros da família de Sophia se aproximando mais e mais da casa em que estava. Era preciso agir, agir com Sophia, a sua última presenteada. 

23:00.

Já fazia quase uma hora desde que Krampus chegara a casa de Sophia. A garota se sentara no sofá, os olhos fixos na figura que pensava, prostrada no meio da sua sala de estar. O ar ficara mais frio. Agora, ela sentia mais do que o aroma de grama cortada: sentia o cheiro de flores silvestres, morangos e águas claras. Também sentia seu estômago revirar, seus olhos eram dois mares sem contenções. Ela havia se arrependido de seu desgosto e mal humor durante todos aqueles meses. Lembrara-se de como seus pais eram carinhosos e suas irmãzinhas, adoráveis e divertidas. Lembrara-se de ser grata por ter uma família assim e por, mesmo pequena e muito simples, ter uma casa para a abriga-la no Natal. Sophia entendeu que nada do que achava ter sentido, tinha de fato. Nada, nem mesmo achar que a vida de outras pessoas mais ricas, como Mariah, era melhor.

E, então, Sophia sentiu longas unhas tocarem o seu ombro. Krampus a olhava de cima, seu rosto de traços delicados e os longos chifres não a amedrontavam mais. Ela queria tocar em seus cabelos encaracolados de um tom dourado como o trigo. Ele abria e fechava a boca, ensaiando o que iria dizer. Parecia frustrado, mas aliviado ao mesmo tempo.

"Você era a minha última presenteada desse ano" - Krampus começou a dizer, quando um filhote de Bem-Te-Vi apareceu por entre seus cabelos, assustado. Ele, delicadamente, o pegou e colocou no parapeito da janela da sala de Sophia. O Bem-Te-Vi estufou o peito corajosamente e bateu suas asinhas, mas o voô ainda não fora possível. Krampus riu - uma risada melodiosa, de uma cadência diferente da do Papai Noel, menos ritmada - e pegou o pássaro novamente nas mãos. "Seu presente era lindo, Sophia. Que pena que já não poderei dá-lo a você".

Sophia olhou-o consternada. Se não ficasse com o presente de Krampus, como poderia saber que tudo aquilo fora real? Como poderia lembrar-se de que ele era real? Ela queria lembrar-se dele para todo o sempre. "Não, eu quero o seu presente. Eu entendo, eu sei que mudei, mas não quero esquecer nunca de que você existe, nunca", gritou Sophia desesperadamente. Krampus sorriu e pôs a mão direita no bolso. Ele sentia o peso, não do presente, mas no coração. 

"Tome, então. E não se arrependa depois. Eu... Eu trabalhei muito nele, mas era para a antiga Sophia, a que merecia presentes justos. Espero que goste mesmo assim. E, Sophia..." - Krampus a olhou nos olhos, vendo o que ele não queria ver. Aquilo que não desejava ser real, aquilo que era o seu carvão de Nicolau: o amor. Sophia não o via como ele queria que visse e aquilo era uma aconchegante tortura para ele. "Não sinta isso, por favor".

E então ele deu a ela uma caixa dourada como seus cabelos, trabalhada com galhos retorcidos, pequenas flores metálicas e um feixe em formato de pássaro. Em sua maravilha, Sophia não viu que Krampus já tinha ido embora para as florestas do Polo Norte, uma viagem teu durou segundos. Só o tempo de ela levantar os olhos para agradecer e se ver frustrada por ter apenas um ramo de visco em seu tapete.

00:00.

Nicolau entrou pela chaminé como de costume. Dois presentes para as gêmeas, um presente mal-embrulhado pela correria, já que não acreditava que seria dado, para Sophia. Quando se aproximou da árvore de Natal, porém, ele viu que algo estava errado: lá já estava um presente mágico. Nicolau tomou a caixinha dourada em mãos e, com facilidade, a abriu sem que o lacre fosse quebrado. Ele era um menino mau por causa dessa espiadela? Oras, mas quem saberia, não é mesmo?

A caixa se abriu com um clique que parecia o soar de um pica-pau trabalhando. Dentro dela, havia um coração feito de um metal cinza, retorcido e delicadamente grotesco com os dizeres entalhados: "É teu o que a ti pertence".
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Bonjour, mes amis! Ça va?

E o Natal chegou no meu cantinho! Estou tão contente por isso, tão contente mesmo. O fim de ano é a minha época favorita do ano... Especialmente, o Natal! Fico contando os dias para chegar outubro, pois sei que o clima gostosinho de fim de ano já começa a despontar nesse mês. E agora que chegou dezembro, estou como uma pipoquinha, pulando de alegria com o Papai Noel já dobrando a esquina de casa.

E para começar as comemorações desse mês natalino tão especial, me empolguei para responder à tag criada pela Melina Souza, no Tea With Mel, chamada Um Natal Literário Musical Book Tag. Ela criou perguntas literárias que combinam com as músicas mais clássicas de Natal. E o resultado? Ficou incrível como tudo o que ela sempre produz, claro! Quer ver minhas respostas? Então, continue lendo esse capítulo tão cheio de amor.


1. It's beginning to look a lot like Christmas: um livro que você ama ler quando essa época do ano está chegando.
Eu gosto de reler aos Cânticos de Natal, de Charles Dickens. É um clássico, mas um clássico que nunca sairá te moda!
2. Last Christmas: uma leitura que te marcou de um Natal passado
A leitura que mais me marcou em 2018, durante essa época do ano, foi Como o Grinch roubou o Natal. Isso porque eu já tinha um carinho especial por essa história, afinal, eu adorava assistir ao filme com o Jim Carrey também no Natal. Quando eu descobri que o filme era baseado em um livro, e que esse livro foi escrito pelo Dr. Seuss, quis logo ler o original. Qual não foi minha alegria quando eu tive essa oportunidade no ano passado! E eu fiquei tão contente também por ter gostado da leitura :3 Ou seja, esse livro se tornou muito especial para mim.
3. All I want for Christmas is you: um livro que você quer muito encontrar embaixo da sua árvore de Natal
Hm, que difícil! Mas, escolho a série de livros de When Calls the Heart. Realmente, seria um milagre de Natal se isso acontecesse, pois é muito difícil encontrar os volumes físicos dessa série que sejam entregues no Brasil. Quem sabe, não é?
4. Holly Jolly Christmas: um livro que te deixa feliz
Um livro que me deixa feliz, porém que não tem muita relação com o Natal, é Mary Poppins. Eu acho o jeitinho da Mary muito engraçado e adoro reler alguns trechos desse livro para me divertir um pouquinho.
5. What Christmas means to me: um livro que traduz bem o que o Natal significa para você
Nossa. Vou escolher também um livro que não tem nada a ver com o Natal, mas que é a materialização do significado do Natal para mim que é Pollyanna. Gratidão, sensibilidade, empatia, família, doação, tudo isso existe no livro de Porter. E, também, tudo isso é o que o Natal deveria ser para mim.
6. Baby it's cold outside: um livro quentinho no coração
Um livro amorzinho que li recentemente foi Volte para Mim. As escolhas dos protagonistas são complicadas e sofridas, mas o final é um soco de quentinho no coração que me deixou com um sorriso bobo no rosto por muito tempo depois de eu ter lido a última palavra.
7. Happy Holiday: um livro/personagem que você adoraria que ganhasse um livro que se passa nessa época do ano
Puxa, eu acho que seria muito legal se tivesse um Percy Jackson de Natal. Já pensou ver os semideuses dos acampamentos irem comemorar o Natal lá com seus pais no Olimpo? Quais seriam as tradições deles? Haveria um Natal entre deuses pagãos? Rick Riordan, nunca te pedi um reboot melhor do que esse!


É isso! Gostaram da tag? Muito criativa, não é?

Eu adoraria ler as respostas de vocês nos comentários, por favor. Ah, e se quiserem responder a essa tag também, marquem a Mel e a mim, assim consigo saber de suas respostas também. Beijos açucarados e au revoir.
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Eu estava com tantas saudades de escrever um capítulo de Sunday Love para o blog! Gostaria que vocês pudessem me ver através da tela do computador pois, além de um cabelo bagunçadinho e um Bis Xtra pela metade, vocês veriam um sorriso gigante em meu rosto. Eu simplesmente preciso colocar como meta escrever mais Sundays Loves por mês, viu?

E o tema de hoje, pelo qual sou grata e sobre o que gostaria de compartilhar com vocês, é o mundo mágico e hypado das séries. Quem nunca assistiu a uma séria na vida, por favor, atire a primeira pedra ou me dê a localização espacial do mundo em que você vive (hehehe)! Até mesmo eu, que não sou tão fã assim de assistir a séries, já tive oportunidade de assistir a algumas. E, olha, a maioria delas não foi por streaming ou canais pagos, não! Eu assistia mesmo eram as séries que passavam na TV aberta, aquelas com traduções ruins e que tem os mesmos episódios repetidos por várias e várias vezes.


Porém, essas vezes eram bem raras. Como eu disse, não sou muito fã de assistir a séries de TV... Como assim?, alguns de vocês devem estar se perguntando com os olhos saltados. Pois é, em algum momento da minha adolescência, eu coloquei na minha cabeça que eu não gostava de séries e repetia para todo mundo dois motivos: 1. Elas são muito longas e a estrutura de vários episódios é irritante; 2. Eu não gosto de séries americanas.

Mas aí, um dia, eu acabei sofrendo pressão social das minhas amigas para dar uma chance para Sherlock e tudo mudou na minha vida. Afinal, Sherlock é uma série que não é nada daquilo que eu havia pré-construído em minha mente sobre essa estrutura: cada temporada tem, no máximo, quatro episódios que são longos (mais de 1h30) e ao mesmo tempo em que se bastam por si mesmo, criam uma empatia narrativa que faz com que a gente queira assistir mais e mais. Além disso, Sherlock é uma série (tipicamente) britânica.


Foi amor ao primeiro episódio... Acho que eu terminei as primeiras temporadas em menos de um mês! E como sofri esperando pela última! Depois de Sherlock, então, decidi que era hora de dar uma chance para as séries, até mesmo para as dos EUA... E foi aí que assisti à New Girl. De verdade, ainda não sei se gostei tanto assim de assisti-la, mas sempre vou encará-la como uma quebra necessária de estereótipos para mim em relação às séries. Transpondo New Girl, eu pude entender que todo o pensamento que havia construído até então era bobo e eu tinha que gostar das coisas por seu conteúdo, e não pelo formato que elas tinham.

Assim, tornei-me uma telespectadora (relativamente) assídua de séries. Ainda não assisti a muitas e algumas dessa lista não foram assistidas por completo. Mas, sou grata por ter tido a coragem de passar por meus preconceitos, quebrá-los e ter descoberto um universo incrível de novas histórias que, cada uma a seu modo, me ajudaram a ser uma pessoa melhor. Por isso, quero compartilhar com vocês, mes amis, todas as séries que assisti até hoje. Será que vocês já assistiram a algumas delas também?


  • Sherlock (completa)
  • New Girl (até os primeiros episódios da terceira temporada)
  • Call the Midwife (primeira temporada)
  • Haunting Hours (completa)
  • Twin Peaks (primeira temporada)
  • Land Girls (primeira temporada)
  • Anne with an E (completa, até agora)
  • Desventuras em Série (completa)
  • Downton Abbey (até os primeiros episódios da quarta temporada)
  • Alias Grace (completa)
  • Horrible Histories (não sei, mas acho que completei as temporadas da formação original)
  • Queer Eye (completa)
  • The Politician (completa, até agora)
  • One Day at a Time (assistindo a primeira temporada)
  • Mindhunter (completa)
  • When Calls the Heart (completa, até agora)
  • Brooklyn Nine-Nine (completa, até agora)
  • The Good Witch (até os primeiros episódios da terceira temporada)
  • 13 Reasons Why (primeira temporada)

Nessa lista, eu não coloquei os doramas, séries/novelas da Coreia do Sul, que eu já assisti, porque eu pretendo fazer um capítulo especial só sobre isso. Se tudo der certo, será como uma parte 2 de um capítulo que já fiz sobre o meu amor pela cultura pop da Coreia do Sul, que você pode ler aqui.

Agora que eu coloquei todas as séries no "papel", confesso que me surpreendi com o balanço entre produções britânicas e norte-americanas. Sempre suspeitei que eu havia assistido a mais séries da Inglaterra, mas não. E também fiquei surpresa com a minha tendência mais atual que é de assistir a séries de comédia, algo que era improvável de acontecer na vida para a Bruna de alguns anos atrás.


E dentre as séries que assisti, claro, existem aquelas que são as mais queridas. Vou escolher três dentre elas: Anne with an E, pois ela foi uma série muito aguardada e que me ensinou que adaptações para outras mídias devem, sim, serem diferentes, desde que o espírito original seja mantido; Brooklyn Nine-Nine me ensinou que séries de humor podem ser gostosas de se assistir, e que o humor é amplo e pode existir plenamente, trazendo temas relevantes e não sendo agressivo; e, por fim, When Calls the Heart, que eu já fiz um capítulo especial aqui para ela no blog, que me ensinou tanto sobre empatia, amor e união, que me transformou em uma Bruna melhor.

E você já assistiu a alguma dessas séries que eu listei? Qual é a sua favorita e a que menos gostou? 


Ah, e por favor, pessoal que ama séries: indiquem-me algumas das melhores séries que vocês já assistiram! Eu quero muito conhecer novas histórias e abrir ainda mais minhas perspectivas de mundo. Eu ficaria muito grata com a ajuda de vocês.

Au revoir.
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Obra-prima de Robert W. Chambers, O Rei de Amarelo é uma coletânea de contos de terror fantástico publicada originalmente em 1895 e considerada um marco do gênero. Influenciou diversas gerações de escritores, de H. P. Lovecraft a Neil Gaiman, Stephen King e, mais recentemente, o escritor, produtor e roteirista Nic Pizzolatto, criador da série investigativa True Detective, exibida pela HBO, cujo mistério central faz referência ao obscuro Rei de Amarelo.
O título da coletânea faz alusão a um livro dentro do livro — mais precisamente, a uma peça teatral fictícia — e a seu personagem central, uma figura sobrenatural cuja existência extrapola as páginas. A peça “O Rei de Amarelo” é mencionada em quatro dos contos, mas pouco se conhece de seu conteúdo. É certo apenas que o texto, em dois atos, leva o leitor à loucura, condenando sua alma à perdição. Um risco a que alguns aceitam se submeter, dado o caráter único da obra, um misto irresistível de beleza e decadência.

Fantasia // 256 páginas // Intrínseca // Classificação: 4/5

Um livro que eu queria tanto, mas tanto, que acabei ganhando de uma colega no amigo secreto do meu último ano de Ensino Médio... O Rei de Amarelo foi um livro que eu descobri depois de ler várias resenhas em um blog e me apaixonei pela ideia desde o primeiro momento.

Afinal, existe coisa mais interessante do que o mistério por trás de um objeto aparentemente inofensivo? Pensa assim: você vai a uma biblioteca e se apaixona por um livro pela capa. Mas, assim que você começa a lê-lo, percebe que as palavras te envolvem de um jeito estranho, sedutor e quase obsessivo, levando sua mente a loucura. Doido, né? E é exatamente por isso que os personagens dos contos que constroem O Rei de Amarelo passam.


Ao longo do livro, dentro das múltiplas narrativas que Chambers nos oferece pelos capítulos, sabemos que as personagens fazem parte de um universo em comum e que, nesse universo, existe um livro-peça cujo título também é O Rei de Amarelo. Esse livro foi proibido por ter causado problemas graves nas pessoas que o leram, mas ele continua a ser compartilhado ou vendido no mercado ilegal para aqueles que quiserem lê-lo. Em alguns momentos, ele aparece do nada para a personagem, do nada, de forma tão misteriosa quanto o conteúdo de suas páginas amareladas.

E, assim que as personagens tomam contato com essa peça, coisas estranhas começam a acontecer com elas. Vemos, em todos os contos, pessoas enlouquecendo de formas diferentes, cometendo atos inimagináveis e se definhando aos poucos. O pior é que eles não percebem que o causador disso tudo é O Rei de Amarelo. Só nós, leitores, que já estamos de sobreaviso, percebemos o quanto a história fantasiosa do livro é prejudicial para todos.


O mais interessante da obra de Chambers é, com certeza, o universo particular que ele constrói dentro do que seria a realidade para nós. A forma como ele constrói o livro dentro do livro é espetacular. Por muitos momentos, eu fiquei pensando se realmente nunca existiu O Rei de Amarelo no nosso universo real. Inclusive, eu pesquisei na Internet logo que terminei o livro para saber mais sobre isso. E spoiler: não, esse livro não existiu, haha.

Como sempre, eu gostei mais de alguns contos do que de outros. Os meus favoritos são: O Emblema Amarelo e A Máscara. Esses são contos que possuem um aprofundamento psicológico mais bem trabalhado, as personagens não se perderam ao longo da narrativa (como aconteceu em um ou outro conto) e os finais foram muito bem pensados. Aliás, minha principal crítica é que alguns contos não foram tão instigantes. Alguns são bem chatinhos e me decepcionaram bastante, mas, resisti, terminei de ler e parti para a próxima! 

De tudo o que existe nesse livro, a minha parte favorita é a edição linda que a Intrínseca produziu. A textura da capa é muito diferente das comuns. Ela é mais resistente e seca, parecendo emborrachada, mas não sendo, sabe? Outra coisa que eu achei lindinha foi que os nomes dos capítulos e do livro ficavam na lateral das páginas, e não em cima como é comum, sendo possível consultar o capítulo sem precisar abrir o livro. Nota 10 para você, Intrínseca!


No geral, eu fiquei bem feliz com a leitura. Confesso que ela ficou um pouco abaixo da minha expectativa, mas é um livro que sempre levarei em meu coração.


E você, já leu O Rei de Amarelo? O que achou do livro? Deixe sua opinião nos comentários, por favor!

Au revoir.
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Sabe o que você sente quando se sente bem? Eu estou me sentindo assim agora. Hoje, eu me sinto bem. Isso não é bom? Não é ótimo, perfeito, maravilhoso? É sim. É. É maravilhoso. Quer saber o motivo de eu esta me sentindo tão bem hoje? 

Hoje comecei o dia com minha rotina matinal. Acordei, virei para o lado, peguei o celular e fui ver o que meus amigos haviam colocado nas redes sociais. Um amigo da época do colégio postou uma foto de uma viagem que ele fez no mês passado para uma ilha do Pacífico. Ele parece feliz. Outra amiga, ela é da faculdade, postou um vídeo de cachorrinhos brincando com uma bola de plástico vermelha. Cachorrinhos são tão fofos, não é? 

Poderia passar horas olhando o celular, mas, então, decidi levantar da cama e tomar um banho. Hoje o dia está quente e meu corpo, tão suado que eu demorei um pouco para conseguir me desvencilhar do lençol. As gotas de água caíam em mim, causando dor, pois elas entravam em algumas feridas, ainda vermelhas, da minha pele. Tudo bem, está tudo bem. Depois do banho, tomei um café duplo com uma fatia de torrada com manteiga, enquanto assistia ao telejornal da manhã no volume cinco. Sempre deixo a televisão no volume cinco para não incomodar os vizinhos.

Vou guardar a manteiga na geladeira e percebo que estão faltando coisas. Não me aborreço. Nunca me aborreço. É só arranjar mais comida. Não levará tempo nenhum. 

Desde que eu me mudei para essa cidade, o meu passatempo preferido é arranjar comida. Eu adoro cozinhar. A cozinha me lembra da minha mãe, lá no interior, seu perfume era sempre misturado às essências dos temperos que ela usava para fazer o feijão. A cozinha me lembra do meu pai também, me lembra da risada musical dele e dos meus irmãos correndo em volta da mesa para distribuir os guardanapos e os talheres. Por isso, quando percebo que não tem comida na geladeira, fico imediatamente contente. Será um dia feliz hoje.

...

Acho que nunca percebi o quanto as escadas do meu prédio são tão íngremes. Acho que é por que nunca subi as escadas depois de arranjar comida. Prefiro pegar o elevador. Sinto o suor descer em minhas costas e ele pinga também do meu nariz, manchando os degraus cinzas sob meus pés. Mas, mesmo cansado, estou feliz. Hoje eu arranjei comida e isso é tão, tão bom.

Engraçado... Os olhos daquela garota eram tão cinzas quantos esses degraus. Aqueles olhos me fizeram ficar perdido por alguns instantes, perdido em sua neblina misteriosa e convidativa. Mas, eu tinha que estar focado, senão, minha geladeira ficaria vazia por mais um dia e isso não seria legal. 

O sorriso dela, sua risada pipocava em meus ouvidos. Eram bolhas de sabão multicoloridas que estouravam em seus lábios e me deixavam desconcertado. Mas, eu tinha que me concentrar hoje. Ela foi tão legal comigo que eu quis a levar para o meu esconderijo secreto, meu lugar favorito no mundo desde que eu era adolescente. Ela estava feliz e eu também.

Mas, de repente, seus olhos cinzentos perderam o brilho e seu sorriso se transformou em um grito de horror. Será que ela não gostou de lá? Será que ela se incomodou por que eu tinha que arranjar comida? Não sei. E já não me importa mais.

Afinal, eu consegui arranjar comida. E estava a levando para a minha casa. O dia tornou-se interminável enquanto eu preparava o jantar, pois é tão complicado cortar aquele tipo de carne, sabe? Os ossos são grandes em algumas partes e é preciso retirar nervos e pêlos que não são comestíveis. Acho que a pior parte de ser cozinheiro é ter que fazer esse pré-preparo, mas são ossos do ofício. Fazer o quê? Não posso me aborrecer.

Minha comida é tão gostosa. Sou elogiado por todos os meus amigos quando eles vem me visitar. Sendo bem sincero, acho que eles não tem muito como reclamar do que eu faço, porque eles não sabem cozinhar nem um ovo, então... Será que eles se sentem intimidados em minha presença? Nunca parei para pensar nisso, mas acho que não. Sou tão legal e quando estou cozinhando, nada, nem ninguém me faz perder a calma.

Depois de algumas horas, termino de limpar a carne. O que sobrou, queimarei depois. Sobraram tão poucas coisas, na verdade, então não terei muito trabalho. Alguns tufos de pêlo castanho, alguns ossos e pequenos dentes que sorriam para mim. Engraçado, mas acho que já vi aquele sorriso antes...

Será? Não sei, mas não importa. Hoje estou feliz, porque poderei cozinhar. Eu adoro cozinhar. Acho que aquele garota dos olhos cinzas ficaria orgulhosa pelo jantar que fiz hoje. Pude aproveitar tão bem tudo o que ela me ofereceu hoje. Durmo com um cheiro doce e enjoativo no ar. E carne fresca na geladeira.
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Bonjour, pessoal. Tudo bem?

O lema do Dia das Bruxas é só um: doces ou travessuras. E o blog já está cheio de "travessuras" - são contos de terror às terças, resenhas de livros de terror, tags para celebrar essa data horripilante... Então, decidi que é uma boa hora para trazer um pouquinho de açúcar para cá!

Sempre que penso nessa data, eu consigo sentir o cheirinho de algumas comidas deliciosas: canela, doce de abóbora, chocolate, balas de açúcar, vegetais assados... Todos tão deliciosos! Você tem preferência por algum? Eu adoro tudo o que tem canela na composição. Os meus doces preferidos com canela são o cinnamonroll, pretzel, sorvete... Ai, ai, estou babando aqui atrás da tela do computador, hihi.

Mas, o que eu quero compartilhar com vocês hoje é uma outra receita: muffins de abóbora com chocolate! Eu vi essa receita no site do GShow há alguns dias e logo pensei que seria uma excelente receita para fazermos nessa época do ano. Afinal, quem nunca quis decorar abóboras laranjas com caras assustadoras assim como acontece nos filmes dos EUA? 

Ps: se você preferir, também pode decorar sua abóbora com traços bem tupiniquins, talvez talhando um Curupira terrorífico ou a cara maquiavélica da Cuca.

Abaixo, a receita. Lembrando que é muito importante, depois, vocês visitarem o site da Globo para conferir mais coisinhas. Vamos prestigiar o trabalho dos meus colegas jornalistas, hein? Hahaha.

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Ingredientes

400 ml de água
400 g de farinha de trigo
01 colher de chá de fermento químico
1/2 colher de chá de bicarbonato de sódio
1/2 colher de chá de canela em pó
1/4 colher de chá de noz-moscada
1/4 colher de chá de sal
2 ovos
200 g de açúcar mascavo
100 ml de leite integral
200 g de purê de abóbora
04 colher de chá de manteiga sem sal
1/2 colher de chá de essência de baunilha
300 g de chocolate amargo picado
Modo de Preparo
Pré-aqueca o forno a 250ºC e prepare 12 forminhas com papel manteiga.
Misture os seguintes ingredientes e passe por uma peneira: o fermento, bicarbonato, farinha de trigo, canela, e sal. Misture bem e reserve.
Em uma vasilha grande coloque os ovos, açúcar, leite, abóbora, manteiga derretida e baunilha e misture bem, formando um creme homogêneo e liso.
Junte a mistura seca e peneirada ao creme de abóbora. Acrescente metade do chocolate picado à massa obtida.
Asse por 22 a 25 minutos. Deixe esfriar e remova das forminhas. Cubra com chocolate derretido e confeitos a sua escolha.
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E... Pronto! Você terá bolinhos fofos e deliciosos para compartilhar com seus amigos em uma típica festa do Dia das Bruxas! Ah, e para ficar ainda melhor, você pode decorar com pasta americana ou glacê com temas das Bruxas. Por exemplo (fonte Pinterest):


Quantas decorações fofas! Como eu adoraria ter a habilidade de torná-las reais também... Qual foi a sua favorita? A minha a do morceguinho de Oreo.

Tomara que a receita dê certo, viu? Depois compartilhem comigo os resultados!

Beijos açucarados (de abóbora e chocolate) e au revoir.
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Das incríveis animações em stop motion – como O estranho mundo de Jack e A noiva cadáver – aos modernos e excêntricos contos de fada Edward Mãos de Tesoura e Peixe grande, o cineasta Tim Burton tornou-se conhecido por sua linguagem visual única, que equilibra perspicácia e humor ácido.O livro O triste fim do pequeno Menino Ostra, publicado pelo selo Girafinha, com poemas do autor e ilustrações de próprio punho, mostra de forma livre e intensa seu imaginário. É como se ele condensasse a essência de Tim Burton que, na complexidade de um filme de grande orçamento hollywoodiano, se revela de forma mais escamoteada.Nessa obra, em que as ilustrações evocam a doçura e a tragédia da vida, Burton apresenta uma galeria de personagens infantis muito peculiares. Incompreendidos e desajustados, eles lutam para encontrar amor e aceitação em um mundo cruel. São desesperançosos e infelizes heróis que nos lembram o lado negro que há em todos nós.Tim Burton é diretor dos filmes Batman – o retorno, a nova versão de A fantástica fábrica de chocolate e Alice no País das Maravilhas, entre outros.

Fantasia // 128 páginas // Girafinha // Classificação: 5/5


Se tem um diretor de cinema do qual eu sou muito fã, esse diretor é o Tim Burton. Infelizmente para mim, que adoro começar os capítulos do blog contando uma historinha pessoal, eu não lembro qual foi o primeiro filme de Burton que eu assisti e nem quando foi isso. A única história que posso contar sobre a minha relação com sua filmografia é a de que eu já tive uma Fanpage no Facebook dedicada a ela! Eu compartilhava ilustrações e pequenos textos sobre seus filmes. Até que ela fez sucesso, viu? Mas, aí, eu fiquei muito atarefada na escola e decidi parar... Ai, ai... Mas, que dá saudade, dá!

Hoje, eu digo com orgulho que já assisti a quase todos os filmes dele. Para vocês terem uma ideia do quanto eu realmente sou fã de seu trabalho, saibam que eu fui comemorar o meu aniversário de dezesseis aninhos na exposição do Tim Burton que teve aqui no MIS (Museu da Imagem e do Som) de São Paulo. Foi uma das melhores experiências de toda a minha vida, eu sou tão grata por ter tido a oportunidade de ver de pertinho seus esboços inicias, as storyboards, bonecos usados nos filmes de stop motion de verdade! Que saudades que eu tenho daquele dia também, haha.

Consegui comprar esses marcadores de página lindinhos lá na exposição do MIS. Foi um dos meus presentes de aniversário daquele ano
Claro que eu não poderia deixar passar o mês de Halloween do blog sem resenhar O Triste Fim do Pequeno Menino Ostra e outras histórias. Esse é o livro que junta vários poemas de Burton e, ainda melhor, várias de suas ilustrações que possuem o traço clássico que aparece em seus filmes. Muitos dos poemas que fazem parte dessa coletânea foram fonte de inspiração para curtas-metragens, enquanto outros são personagens que já vimos em suas animações, o que dá um quentinho no coração de todos os fãs do trabalho de Burton e faz com que a gente queira deixar o livro aberto na estante de tão lindas que as ilustrações internas são.

É incrível como alguém pode ter uma personalidade tão singular e única quanto Tim Burton. Ele conseguiu passar sua personalidade até mesmo para as palavras! Os poemas que ele escreve no livro são bem curtinhos, porém, tão esquisitos e macabros quanto seus filmes. 

As palavras se conectam organicamente com as ilustrações, criando mais do que poemas, e sim, pedaços sensíveis de histórias em quadrinho. Alguns, são quadros únicos, impactantes e sarcásticos, que dissolvem o leitor em ácido puro. Outros, são composições de pequenos quadrinhos, que criam expectativas no leitor que, às vezes, são cumpridas de uma forma muito mais horripilante do que o imaginado.

Os meus poemas favoritos são: Garota Vodu; A menina dos olhos fitos; O Natal especial do Menino Mancha; O Menino Robô e O Menino Múmia. Todos eles são poemas estranhos, no sentido mais literal da palavra, que, por vezes, não fazem sentido, mas que possuem uma inegável beleza dentro do caos e do macabro. 
E quem já não se sentiu assim assistindo a um filme do Tim Burton? Ainda não entendo como ele conseguiu trabalhar em parceria com a Disney, pois, justamente, ele é quase uma antítese desse estúdio. Burton nos mostra que o diferente não é errado, não é feio, não é para ser alvo de chacotas e exclusão. O diferente é lindo e merece ser respeitado. Burton também nos mostra que a morte não é o fim e nem precisa ser vista com tristeza e medo. Assim como tudo o que nos acontece, ela faz parte do ciclo da vida e é tão bela quanto a própria.

E é isso que o livro nos oferece também: pequenas amostras de bizarrice cômico-trágicas e fofas em seu universo particular. É a alma de Burton subdividida em poemas, ilustrações e uma edição muito bem trabalhada pela editora Girafinha.

Ilustração do "menino Ostra"
E você, já leu O Triste Fim do Pequeno Menino Ostra e outras histórias? O que achou da leitura? Deixe aí nos comentários a sua opinião, por favor. Adorarei lê-la mais tarde.

Au revoir.
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Bonjour, pessoal! Tudo bem com vocês?

Sabe quando a gente se sente corajoso ao ponto de assistir a um filme de terror no meio da madrugada sozinho? Pois é, nunca me senti assim, hahaha. Confesso que eu não sou muito fã de filmes de terror, prefiro os suspenses se estou com vontade de me assustar um pouquinho, mas já assisti a alguns filmes desse gênero e muitos deles marcaram a minha vida. 

Por isso, quero compartilhar com vocês algumas dicas dos meus filmes favoritos de terror/horror. Eu gosto da maioria deles, mas coloquei alguns que me dão medo nessa lista também, afinal, qual é a graça do Dia das Bruxas se não nos assustarmos e ficarmos com medo de dormir depois? Espero que gostem! E depois, deixem nos comentários qual desses filmes é o mais assustador para vocês!

1. A Colheita Maldita


2. Premonição


3. O Estranho Mundo de Jack


4. Caso 39


5. Vincent


6. Chucky, o boneco assassino


7. O Chamado


Juro que O Chamado estar na posição número 7 não foi intencional! 

Beijos açucarados e au revoir!
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Sobre Mim

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Bonjour, meu nome é Bruna. Sou uma ratinha de biblioteca, adoro fotografar a natureza, andar por ruas desconhecidas e escrever tudo o que me vem a cabeça. Obrigada por visitar o meu jardim. Abra seus olhos e amplie sua imaginação. Talvez você precise bastante por aqui.

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